Como Musk conseguiu cargo no governo Trump e o que esperar a partir de agora
De crítico a aliado do novo presidente, dono do X aumenta sua influência nos EUA. Ele vai comandar um departamento não oficial que dará conselhos ao governo sobre onde cortar gastos e desregulamentar vários setores. Elon Musk e Donald Trump antes de lançamento da nave Starship, em 19 de novembro de 2024 Brandon Bell/Pool via AP Elon Musk, o homem mais rico do mundo, agora faz parte do novo governo de Donald Trump. Ele assume o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), a fim de dar conselhos para o novo presidente americano sobre onde cortar gastos públicos. A participação de destaque do bilionário nascido na África do Sul em um governo americano — ainda que o departamento não seja um órgão oficial — mostra o quanto o dono do X aumentou sua influência nos Estados Unidos. Isso não veio sem custos: Musk gastou cerca de US$ 200 milhões em apoio a Trump, de acordo com a Associated Press. Agora chamado ironicamente de "presidente Musk" pelos críticos do republicano, ele quer continuar ajudando a eleger candidatos do partido. Apesar das ambições políticas do bilionário, Trump se adiantou em dizer que Musk nunca poderá ser presidente dos EUA. Isso porque a Constituição americana exige que este cargo seja ocupado por alguém que nasceu no país. Gesto de Musk é comparado a saudação nazista Musk já apoiou Hillary: relembre a trajetória Musk já tinha participado do primeiro mandato de Trump, no início de 2017, em um grupo menor. Ele também tinha a função de dar conselhos ao presidente, mas abandonou a missão meses depois, por discordar da decisão do republicano de retirar os EUA do Acordo de Paris, sobre o clima. O republicano tornou a fazer isto neste novo mandato. Mas, agora, Musk e Trump parece bem mais alinhados. O primeiro ato do DOGE foi tirar do ar o site da agência de diversidade do governo, o que o bilionário classificou como um "progresso". Críticos apontam o risco de conflito de interesses no fato de que Musk terá acesso a dados de agências federais ao mesmo tempo em que suas empresas prestam serviços para o governo. Musk é dono da rede social X, da montadora de carros elétricos Tesla e da empresa de foguetes SpaceX, com a qual mantém contratos com a Nasa e tem planos de colonizar Marte. A ideia de os EUA colocarem uma bandeira naquele planeta foi destacada por Trump no discurso de posse. Saiba mais abaixo: O que é o Departamento de Eficiência O que Musk pretende fazer O que dizem os críticos Como Musk se aproximou de Trump O que é o Departamento de Eficiência Logo após a eleição de Trump, Musk foi apontado pelo republicano para comandar o DOGE. A sigla do departamento, aliás, leva o nome de uma criptomoeda que costuma ser promovida por Musk e dobrou de preço entre 5 de novembro, dia da eleição, e a última sexta-feira (17). Site do Departamento de Eficiência Governamental Reprodução O dono do X dividiria a chefia do grupo com o também empresário Vivek Ramaswamy, que fez fortuna na área de biotecnologia e disputou as primárias republicanas para as eleições de 2024. Mas Ramaswamy, filho de indianos, anunciou no dia da posse de Trump que abriria mão do cargo. Segundo seu porta-voz, ele decidiu se dedicar à futura candidatura ao governo do estado de Ohio. Vivek Ramaswamy durante as primárias republicanas em Iowa, em 15 de janeiro de 2024 REUTERS/Sergio Flores Musk já disse que, no DOGE, pretende "expor o desperdício insano e a corrupção governamental" e que a missão do departamento é acabar com "as carreiras de políticos enganadores e egoístas". Acontece que a estrutura não será vinculada ao governo dos EUA, como acontece com os Departamentos de Estado e do Tesouro, por exemplo. Em vez disso, o DOGE funcionará como uma comissão externa, semelhante a uma consultoria. Na prática, Musk e os demais integrantes darão sugestões de cortes de gastos, mas não terão autoridade para tirá-los do papel porque essas mudanças exigem aprovação do Congresso. O que pode ajudá-los é o fato de que Trump tem maioria tanto na Câmara quanto no Senado. ⌛ O republicano determinou que o DOGE terá uma "organização temporária", uma espécie de comitê interno, que funcionará até 4 de julho de 2026, quando os EUA comemorarão 250 anos de independência. A ordem não prevê o fim do departamento como um todo após essa data. Voltar para o início O que Musk pretende fazer? De acordo com declarações de Trump e de Musk, o Departamento de Eficiência vai se concentrar em três frentes. Diminuir o orçamento dos EUA: o bilionário defendeu na campanha um corte de US$ 2 trilhões (R$ 12 trilhões), mas já admitiu que a meta é muito otimista e disse que cortar US$ 1 trilhão (R$ 6 trilhões) já seria um "feito enorme", segundo a agência France Presse. Revisar regulamentações federais: Musk defende simplificar regras para empresas e já disse que há muita "regulamentação desnecessária" que precisa acabar. Reduzir o número de agências federais: ele quer sair das cerca de 400 para 99 agências e já declarou que "os EUA estão sendo su
De crítico a aliado do novo presidente, dono do X aumenta sua influência nos EUA. Ele vai comandar um departamento não oficial que dará conselhos ao governo sobre onde cortar gastos e desregulamentar vários setores. Elon Musk e Donald Trump antes de lançamento da nave Starship, em 19 de novembro de 2024 Brandon Bell/Pool via AP Elon Musk, o homem mais rico do mundo, agora faz parte do novo governo de Donald Trump. Ele assume o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), a fim de dar conselhos para o novo presidente americano sobre onde cortar gastos públicos. A participação de destaque do bilionário nascido na África do Sul em um governo americano — ainda que o departamento não seja um órgão oficial — mostra o quanto o dono do X aumentou sua influência nos Estados Unidos. Isso não veio sem custos: Musk gastou cerca de US$ 200 milhões em apoio a Trump, de acordo com a Associated Press. Agora chamado ironicamente de "presidente Musk" pelos críticos do republicano, ele quer continuar ajudando a eleger candidatos do partido. Apesar das ambições políticas do bilionário, Trump se adiantou em dizer que Musk nunca poderá ser presidente dos EUA. Isso porque a Constituição americana exige que este cargo seja ocupado por alguém que nasceu no país. Gesto de Musk é comparado a saudação nazista Musk já apoiou Hillary: relembre a trajetória Musk já tinha participado do primeiro mandato de Trump, no início de 2017, em um grupo menor. Ele também tinha a função de dar conselhos ao presidente, mas abandonou a missão meses depois, por discordar da decisão do republicano de retirar os EUA do Acordo de Paris, sobre o clima. O republicano tornou a fazer isto neste novo mandato. Mas, agora, Musk e Trump parece bem mais alinhados. O primeiro ato do DOGE foi tirar do ar o site da agência de diversidade do governo, o que o bilionário classificou como um "progresso". Críticos apontam o risco de conflito de interesses no fato de que Musk terá acesso a dados de agências federais ao mesmo tempo em que suas empresas prestam serviços para o governo. Musk é dono da rede social X, da montadora de carros elétricos Tesla e da empresa de foguetes SpaceX, com a qual mantém contratos com a Nasa e tem planos de colonizar Marte. A ideia de os EUA colocarem uma bandeira naquele planeta foi destacada por Trump no discurso de posse. Saiba mais abaixo: O que é o Departamento de Eficiência O que Musk pretende fazer O que dizem os críticos Como Musk se aproximou de Trump O que é o Departamento de Eficiência Logo após a eleição de Trump, Musk foi apontado pelo republicano para comandar o DOGE. A sigla do departamento, aliás, leva o nome de uma criptomoeda que costuma ser promovida por Musk e dobrou de preço entre 5 de novembro, dia da eleição, e a última sexta-feira (17). Site do Departamento de Eficiência Governamental Reprodução O dono do X dividiria a chefia do grupo com o também empresário Vivek Ramaswamy, que fez fortuna na área de biotecnologia e disputou as primárias republicanas para as eleições de 2024. Mas Ramaswamy, filho de indianos, anunciou no dia da posse de Trump que abriria mão do cargo. Segundo seu porta-voz, ele decidiu se dedicar à futura candidatura ao governo do estado de Ohio. Vivek Ramaswamy durante as primárias republicanas em Iowa, em 15 de janeiro de 2024 REUTERS/Sergio Flores Musk já disse que, no DOGE, pretende "expor o desperdício insano e a corrupção governamental" e que a missão do departamento é acabar com "as carreiras de políticos enganadores e egoístas". Acontece que a estrutura não será vinculada ao governo dos EUA, como acontece com os Departamentos de Estado e do Tesouro, por exemplo. Em vez disso, o DOGE funcionará como uma comissão externa, semelhante a uma consultoria. Na prática, Musk e os demais integrantes darão sugestões de cortes de gastos, mas não terão autoridade para tirá-los do papel porque essas mudanças exigem aprovação do Congresso. O que pode ajudá-los é o fato de que Trump tem maioria tanto na Câmara quanto no Senado. ⌛ O republicano determinou que o DOGE terá uma "organização temporária", uma espécie de comitê interno, que funcionará até 4 de julho de 2026, quando os EUA comemorarão 250 anos de independência. A ordem não prevê o fim do departamento como um todo após essa data. Voltar para o início O que Musk pretende fazer? De acordo com declarações de Trump e de Musk, o Departamento de Eficiência vai se concentrar em três frentes. Diminuir o orçamento dos EUA: o bilionário defendeu na campanha um corte de US$ 2 trilhões (R$ 12 trilhões), mas já admitiu que a meta é muito otimista e disse que cortar US$ 1 trilhão (R$ 6 trilhões) já seria um "feito enorme", segundo a agência France Presse. Revisar regulamentações federais: Musk defende simplificar regras para empresas e já disse que há muita "regulamentação desnecessária" que precisa acabar. Reduzir o número de agências federais: ele quer sair das cerca de 400 para 99 agências e já declarou que "os EUA estão sendo sufocados por montanhas cada vez maiores de regulamentações irracionais de agências cada vez mais novas, que não servem a nenhum propósito além de engrandecer burocratas". O objetivo de Musk é que o DOGE tenha cerca de 100 pessoas, entre empresários e executivos de empresas de tecnologia, segundo o jornal The Washington Post. Trump afirmou na segunda-feira que o grupo terá 20 integrantes. Os integrantes do novo departamento não serão funcionários públicos, e vários deles não serão remunerados. A ideia é que os participantes do grupo que não receberão salário fiquem no DOGE durante seis meses e, então, voltem para seus trabalhos regulares. Na prática, eles deverão ser espalhados entre as diversas agências federais, tendo pelo menos dois nas principais delas, segundo adiantou o jornal The New York Times. Musk também disse que o departamento terá um ranking sobre "os gastos mais absurdos" de impostos e prometeu divulgar todas as ações do órgão na internet. Musk ameaça retaliar senadores que não votarem a favor de indicados de Trump ao governo, diz revista Elon Musk, dono do X, da Tesla e da SpaceX, durante cerimônia de posse do presidente dos EUA, Donald Trump, em 20 de janeiro de 2025 AP Photo/Susan Walsh Voltar para o início O que dizem os críticos