De Jerry Maguire a produtos digitais: Onde está o dinheiro?

Qual a relação de um filme dos meados dos anos 90 sobre futebol americano com produtos digitais?Jerry Maguire gritando no telefone show me the money!Jerry Maguire é um filme de 1996 estrelado por Tom Cruise como Jerry Maguire, um agente esportivo que tem uma crise moral e decide priorizar relacionamentos pessoais e a ética no trabalho, em vez de apenas lucro. Após compartilhar seu posicionamento com os colegas, ele é demitido de sua agência e precisa recomeçar do zero, contando apenas com um cliente, o jogador de futebol americano Rod Tidwell, e o apoio de uma contadora.A minha cena favorita do filme é um diálogo entre Jerry e Rod, em que Jerry, incentivado por Rod, começa a gritar na sala “Show me the money!” Vou deixar o vídeo abaixo para você poder assistir esse momento:https://medium.com/media/0d24a41a729f294642ef3926c71241ba/hrefAgora, pense comigo:Se sua liderança te perguntasse onde está o dinheiro (ou o valor das suas entregas), o que você responderia?Quando falamos em produtos digitais, seja qual for o seu cargo ou nomenclatura — PD, PM ou outro — sempre somos cobrados por gerar valor e impactar o negócio. Afinal, o sucesso do produto afeta diretamente nossas vidas: se um produto vai bem, os funcionários também se beneficiam de alguma forma; se o produto vai mal, os funcionários também sentem o impacto negativo disso. Nosso principal papel nas organizações é gerar mais receita. Como designer de produto, sei que minha responsabilidade é contribuir significativamente para o negócio gerando valor para os usuários.Ao planejar um novo ano, acredito que toda organização se pergunta em como é possível gerar mais receita com os seus produtos e torná-los mais rentáveis. Esse questionamento aconteceu por aqui, e gostaria de compartilhar com vocês.­Um pouco de contextoAtualmente, trabalho como designer de produto em uma equipe formada pelo head de produto, que atua como product manager (PM), uma redatora, que também trabalha com a gestão do conteúdo e marketing e duas analistas de suporte. Surgiu a necessidade de apresentar os novos projetos para o time de suporte e rever funcionalidades do sistema. Durante esses encontros, discutimos as dores dos clientes e de quais maneiras poderíamos solucionar esses problemas, além de explorar formas de gerar mais receita para o produto. Foi então que surgiu uma ideia: gerar mais receita através de treinamentos.Por que decidimos trabalhar com treinamentos? Porque acreditamos que os treinamentos são a principal forma de venda cruzada hoje para aumento de faturamento.Além disso, ao mapear a jornada do usuário, identificamos alguns problemas:Burocracia. O usuário precisaria solicitar ao suporte, pedir ao comercial ou já ter o link do formulário de preenchimento — muito trabalhoso.Desconhecimento. Muitos clientes não sabiam que existiam treinamentos no sistema, pois não há nenhum tipo de divulgação ou visibilidade para o que é oferecido pela empresa.­Mediante a isso, traçamos os seguintes objetivos:Aumentar a visibilidade para que os treinamentos sejam facilmente localizáveis.Garantir uma interface visualmente mais intuitiva para a navegação e acesso aos conteúdos.Alcançar clientes que ainda não fizeram nenhuma contratação.Também estipulamos métricas e maneiras de exibir resultados, pois sem indicadores, é difícil apresentar nossos avanços aos stakeholders da empresa. É essencial mensurar o trabalho para saber se ele valeu a pena ou não. Para isso, definimos algumas métricas que nos ajudam a avaliar nosso progresso:MétricasAumento na taxa de conversão de treinamentos.Aumento na taxa de conversão dos treinamentos cortesia (teste grátis) para treinamentos pagos.­Aplicando na práticaPrimeiramente, redefinimos a jornada do usuário para que ele não precise solicitar ao suporte ou comercial para adquirir treinamentos. Para isso, adicionamos botões que redirecionam o usuário diretamente para o formulário de aquisição nos sistemas.O CTA (call to action) foi adicionado em quatro situações:Quando o usuário está adicionando um colaborador a um treinamento já adquirido, adicionamos o botão (adquirir licenças) nessa etapa, pois consideramos a hipótese de que o usuário pode precisar de mais licenças do que ele já tem disponível. Assim, o botão nessa etapa poderia nos ajudar a converter mais clientes.Quando o usuário está visualizando o dossiê de um treinamento já adquirido, adicionamos o botão (adquirir licenças) nessa etapa, porque essa é a interface que o administrador terá mais contato. É através dessa tela que se faz o controle dos colaboradores que já concluíram o treinamento, daqueles que ainda não iniciaram e os que estão atrasados. Consideramos a hipótese de que, quanto mais próximo o botão de ação estiver de quem toma a decisão de contratar ou adquirir licenças, maiores serão as chances de conversão.Quando o usuário está começando um novo treinamento, adicionamos o botão (contratar treinamentos). Nesse momento o usuário está criando um treinamento a partir dos que ele já tem dispo

Fev 5, 2025 - 13:16
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De Jerry Maguire a produtos digitais: Onde está o dinheiro?

Qual a relação de um filme dos meados dos anos 90 sobre futebol americano com produtos digitais?

Um homem de cabelos curtos está falando ao telefone com uma expressão intensa e boca aberta, como se estivesse gritando ou discutindo. Ele veste uma camisa branca e está em um ambiente iluminado com janelas ao fundo.
Jerry Maguire gritando no telefone show me the money!

Jerry Maguire é um filme de 1996 estrelado por Tom Cruise como Jerry Maguire, um agente esportivo que tem uma crise moral e decide priorizar relacionamentos pessoais e a ética no trabalho, em vez de apenas lucro. Após compartilhar seu posicionamento com os colegas, ele é demitido de sua agência e precisa recomeçar do zero, contando apenas com um cliente, o jogador de futebol americano Rod Tidwell, e o apoio de uma contadora.

A minha cena favorita do filme é um diálogo entre Jerry e Rod, em que Jerry, incentivado por Rod, começa a gritar na sala “Show me the money!” Vou deixar o vídeo abaixo para você poder assistir esse momento:https://medium.com/media/0d24a41a729f294642ef3926c71241ba/href

Agora, pense comigo:

Se sua liderança te perguntasse onde está o dinheiro (ou o valor das suas entregas), o que você responderia?

Quando falamos em produtos digitais, seja qual for o seu cargo ou nomenclatura — PD, PM ou outro — sempre somos cobrados por gerar valor e impactar o negócio. Afinal, o sucesso do produto afeta diretamente nossas vidas: se um produto vai bem, os funcionários também se beneficiam de alguma forma; se o produto vai mal, os funcionários também sentem o impacto negativo disso. Nosso principal papel nas organizações é gerar mais receita. Como designer de produto, sei que minha responsabilidade é contribuir significativamente para o negócio gerando valor para os usuários.

Ao planejar um novo ano, acredito que toda organização se pergunta em como é possível gerar mais receita com os seus produtos e torná-los mais rentáveis. Esse questionamento aconteceu por aqui, e gostaria de compartilhar com vocês.

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Um pouco de contexto

Atualmente, trabalho como designer de produto em uma equipe formada pelo head de produto, que atua como product manager (PM), uma redatora, que também trabalha com a gestão do conteúdo e marketing e duas analistas de suporte. Surgiu a necessidade de apresentar os novos projetos para o time de suporte e rever funcionalidades do sistema. Durante esses encontros, discutimos as dores dos clientes e de quais maneiras poderíamos solucionar esses problemas, além de explorar formas de gerar mais receita para o produto. Foi então que surgiu uma ideia: gerar mais receita através de treinamentos.

Por que decidimos trabalhar com treinamentos? Porque acreditamos que os treinamentos são a principal forma de venda cruzada hoje para aumento de faturamento.

Além disso, ao mapear a jornada do usuário, identificamos alguns problemas:

  • Burocracia. O usuário precisaria solicitar ao suporte, pedir ao comercial ou já ter o link do formulário de preenchimento — muito trabalhoso.
  • Desconhecimento. Muitos clientes não sabiam que existiam treinamentos no sistema, pois não há nenhum tipo de divulgação ou visibilidade para o que é oferecido pela empresa.

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Mediante a isso, traçamos os seguintes objetivos:

  1. Aumentar a visibilidade para que os treinamentos sejam facilmente localizáveis.
  2. Garantir uma interface visualmente mais intuitiva para a navegação e acesso aos conteúdos.
  3. Alcançar clientes que ainda não fizeram nenhuma contratação.

Também estipulamos métricas e maneiras de exibir resultados, pois sem indicadores, é difícil apresentar nossos avanços aos stakeholders da empresa. É essencial mensurar o trabalho para saber se ele valeu a pena ou não. Para isso, definimos algumas métricas que nos ajudam a avaliar nosso progresso:

Métricas

  • Aumento na taxa de conversão de treinamentos.
  • Aumento na taxa de conversão dos treinamentos cortesia (teste grátis) para treinamentos pagos.

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Aplicando na prática

Primeiramente, redefinimos a jornada do usuário para que ele não precise solicitar ao suporte ou comercial para adquirir treinamentos. Para isso, adicionamos botões que redirecionam o usuário diretamente para o formulário de aquisição nos sistemas.

O CTA (call to action) foi adicionado em quatro situações:

  1. Quando o usuário está adicionando um colaborador a um treinamento já adquirido, adicionamos o botão (adquirir licenças) nessa etapa, pois consideramos a hipótese de que o usuário pode precisar de mais licenças do que ele já tem disponível. Assim, o botão nessa etapa poderia nos ajudar a converter mais clientes.
  2. Quando o usuário está visualizando o dossiê de um treinamento já adquirido, adicionamos o botão (adquirir licenças) nessa etapa, porque essa é a interface que o administrador terá mais contato. É através dessa tela que se faz o controle dos colaboradores que já concluíram o treinamento, daqueles que ainda não iniciaram e os que estão atrasados. Consideramos a hipótese de que, quanto mais próximo o botão de ação estiver de quem toma a decisão de contratar ou adquirir licenças, maiores serão as chances de conversão.
  3. Quando o usuário está começando um novo treinamento, adicionamos o botão (contratar treinamentos). Nesse momento o usuário está criando um treinamento a partir dos que ele já tem disponíveis, selecionando o prazo para conclusão e escolhendo os colaboradores. Queremos que o usuário tenha acesso aos nossos outros formatos de treinamentos disponíveis (prateleiras e próprios). Afinal, como ele vai saber da existência desses treinamentos se não os exibirmos para ele?
  4. Quando o usuário está gerenciando seus treinamentos contratados, adicionamos os botões (solicitar teste grátis e adquirir treinamentos) com a intenção de exibir os nossos treinamentos próprios (treinamentos desenvolvidos pelo time jurídico que abordam temas relevantes do mercado) e possibilitar o usuário de solicitar testes gratuitos do sistema (o cliente pode solicitar uma licença de treinamento cortesia para cada treinamento do sistema). Consideramos a hipótese de que essas licenças cortesia podem nos ajudar a converter testes gratuitos em treinamentos pagos.
Modal com o título “Adicionar colaborador”. O conteúdo apresenta um campo de texto exibindo “10” para “Quantidade de licenças disponíveis”, com um botão ao lado escrito “Adquirir licenças”. Em seguida, há um campo de seleção para “Selecione o colaborador que deve fazer o treinamento” e uma caixa com o texto “Nenhum colaborador selecionado”. Abaixo, há um campo de data para “Prazo para conclusão”. Na parte inferior, botões “Cancelar” e “Confirmar” estão dispostos lado a lado.
Interface do sistema Compliasset exibindo a modal de adicionar colaborador
Tela de um sistema com o menu lateral à esquerda e o conteúdo principal à direita. Na área principal, há um título “Prevenção ao Suborno e Corrupção” com ícones de configuração e filtro. Abaixo, uma seção com o título “Adicionar licenças ao treinamento”, um botão “Adquirir licenças” e uma tabela listando colaboradores. A tabela inclui colunas como “Nome”, “Status”, “Prazo”, “Progresso”, “Último acesso” e “Superior Imediato”.
Interface do sistema Compliasset exibindo a página dossiê do treinamento
Tela de um sistema com o menu lateral à esquerda e a área de conteúdo à direita. O menu lateral contém itens como “Painel de controle”, “Agenda”, “Treinamentos” e “Configurações”. Na área principal, o título “Novo treinamento” aparece no topo, com um botão “X” no canto superior direito. O conteúdo tem o título “Comece um novo treinamento”
Interface do sistema Compliasset exibindo a página novo treinamento
Captura de tela de uma interface do sistema Compliasset, na seção “Treinamentos”. Há duas abas: “Prateleira” e “Próprios”, com “Prateleira” selecionada. Na área principal, um título “ASG para Gestoras e Fundos” está abaixo de uma ilustração. Ao lado direito, há um texto explicativo sobre os treinamentos, que são desenvolvidos pelo time Jurídico do Compliasset. Abaixo do texto, há dois botões: “Solicitar teste grátis” e “Adquirir treinamento”.
Captura de tela de uma interface do sistema Compliasset

Este é um dos projetos de que mais gostei de participar em toda minha carreira, pois ele nasceu em conversas com colegas de diferentes áreas, mostrando como a colaboração é fundamental. As melhores ideias não pertencem apenas a uma área específica (produto, designers, etc.); elas podem surgir da engenharia, suporte ou de quaisquer outras áreas. Além disso, essa colaboração trouxe uma sensação de pertencimento muito importante para o projeto. Como destaca Daniel Furtado em seu livro Princípios de UX:

“Os times muldisciplinares, portanto, além de basicamente agregarem conhecimentos e apoio de áreas diversas em prol de uma situação comum, também acabam ajudando em um quesito importante para o trabalho em equipe, que é a chamada sensação de pertencimento.”
— Furtado, 2023, p.174

Essa sensação de pertencimento foi crucial para a imersão no projeto, pois fortaleceu o engajamento e a motivação de todos os envolvidos. Além disso, poder mensurar os resultados das nossas entregas é essencial para demonstrar o impacto positivo das nossas ações. As métricas definidas nos ajudam a avaliar nosso progresso e justificar as decisões tomadas. Quando os resultados são positivos, novas oportunidades surgem.

Agradecimentos

Esse projeto só foi possível graças à Evelyn, Felipe, Laura e Suelen. A integração entre as áreas de suporte, produto e engenharia foi enriquecedora e essencial para o projeto sair do papel. Este trabalho conjunto demonstra que reunir pessoas de áreas diferentes é o melhor caminho para alcançar a inovação.

Referências


De Jerry Maguire a produtos digitais: Onde está o dinheiro? was originally published in UX Collective