Conheça o Empresário Que Planeja Recomprar a Sua Própria Companhia de IA

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo. Com o sucesso da IA Invisible Technologies, Francis Pedraza também pega empréstimos de garantia na própria empresa. O post Conheça o Empresário Que Planeja Recomprar a Sua Própria Companhia de IA apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Fev 8, 2025 - 09:54
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Conheça o Empresário Que Planeja Recomprar a Sua Própria Companhia de IA

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

 

No início de 2020, Francis Pedraza estava diante do fracasso. Durante mais de quatro anos, o graduado pela Cornell tentou combinar inteligência artificial com equipes de trabalhadores remotos para ajudar empresas a escalarem projetos onerosos, como a triagem de currículos, atendimento via chatbots ou reescrita de descrições de produtos — tarefas repetitivas que ainda eram um pouco complexas demais para serem totalmente automatizadas.

Mas a adesão foi lenta, e os investidores hesitavam em apostar na ideia. Segundo o pensamento predominante no Vale do Silício, empresas de serviços como a Invisible Technologies eram péssimos investimentos: difíceis de escalar, administrar e proteger. Um grande “não”. A Invisible perdeu quatro de seus cofundadores e precisou recorrer novamente aos poucos investidores-anjo fiéis para conseguir mais dinheiro. Até que em março de 2020, a DoorDash ligou.

A empresa de delivery de comida disse a Pedraza que precisava de ajuda e rápido. As medidas de lockdown impostas pela pandemia fariam a demanda global por pedidos de comida para viagem mais que dobrar, chegando a US$ 51 bilhões (R$ 293,2 bilhões) naquele ano. A DoorDash estava em uma corrida contra o Uber Eats e o Grubhub para encontrar e cadastrar novos restaurantes. Especificamente, ela precisava de assistência para o complicado processo de importação de cardápios e preços. As empresas terceirizadas que tradicionalmente realizavam esse trabalho haviam fechado as portas.

Era exatamente o tipo de negócio que Pedraza estava buscando. Dois anos depois, ele recebeu outra ligação, desta vez de uma empresa lidando com um problema de dados ainda maior, a OpenAI. Ela queria a ajuda da Invisible para reduzir as alucinações no modelo que mais tarde daria origem ao ChatGPT. Depois disso, vieram contratos com a Amazon, a Microsoft e a startup de IA Cohere. Isso a impulsionou a receita da Invisible de US$ 3 milhões (R$ 17,2 milhões) em 2020 para US$ 134 milhões (R$ 771,5 milhões) no ano passado, com um lucro de US$ 15 milhões (R$ 86,2 milhões) em Ebitda.

A Recompra

Uma avaliação de US$ 500 milhões (R$ 2,87 bilhões), pouco mais de três vezes a receita, parece modesta para uma empresa de serviços, mas extremamente baixa para uma empresa de IA. Quando Pedraza recomprou a participação de seus investidores “passivos” em 2021, ele não apenas foi o único comprador, como também pôde definir o preço de US$ 50 milhões (R$ 287,5 milhões). “Foi um bom resultado para todos, mas o incentivo era manter a avaliação baixa”, diz ele.

O investidor-anjo Edward Lando foi um dos que venderam sua participação. Ele havia sido um dos primeiros a investir na Invisible, quando a empresa tinha uma avaliação de US$ 5 milhões (R$ 28,7 milhões) há uma década. “A Invisible continua indo muito bem. Muitas vezes, eu me arrependo de ter vendido parte da minha posição”, admitiu Lando.

Para Pedraza, foi um cenário ganha-ganha. Ele passou a ter mais controle e os primeiros investidores de venture capital — que provavelmente já haviam reduzido suas expectativas de retorno a zero há muito tempo — conseguiram uma saída tranquila.

Essa saída fácil é ainda mais atrativa, já que o fundador da Invisible Technologies sempre deixou claro que não pretende vender a empresa ou abrir seu capital precocemente. “Você não precisa vender a empresa ou fazer um IPO. Essa alternativa te dá mais liberdade”, afirma. Os investidores também podem ter ficado felizes em pegar o dinheiro e evitar discursos grandiosos.

Outros Negócios

A Invisible não é a primeira tentativa de Pedraza no empreendedorismo. Na época da faculdade, em Cornell, ele passou um verão no Google trabalhando com anúncios e percebeu que queria abrir sua própria empresa, sem precisar depender de uma hierarquia corporativa. Sua primeira ideia foi o Everest, um aplicativo de definição de metas. Ele aproveitou um encontro casual no aeroporto com um discípulo de Peter Thiel para conseguir uma reunião com o próprio Thiel e, eventualmente, um modesto investimento do bilionário e fundador do PayPal. O projeto arrecadou US$ 2,7 milhões (R$ 15,5 milhões) e gerou um entusiasmo inicial, mas Pedraza se dedicou a ele por três anos antes de encerrá-lo em 2014 por não conseguir reter usuários. “Desperdicei dez anos de vida da minha equipe. Perdemos tempo e energia humana”, lamenta.

Para se redimir, ele percorreu os 800 quilômetros do Caminho de Santiago, na Espanha. De volta a São Francisco, teve uma nova ideia. Um universo de aplicativos e softwares havia surgido prometendo resolver praticamente todos os problemas, mas muitas tarefas empresariais ainda eram dolorosamente manuais. Contratar funcionários para lidar com esses gargalos funcionava, mas era caro e complicado para a gestão. Pedraza então levantou US$ 500 mil (R$ 2,87 milhões) em 2015 para fundar uma empresa que pudesse preencher essa lacuna. “Para ser sincera, foi apenas uma aposta no Francis”, diz Masha Bucher, da Day One Ventures, que investiu US$ 175 mil (R$ 1 milhão).

O Nascimento da Invisible Technologies

Inicialmente, Pedraza idealizou a Invisible Technologies como uma combinação entre trabalhadores remotos e inteligência artificial para serem superassistentes e ajudarem executivos ocupados em tarefas triviais, como marcar reuniões ou reservar voos. A ideia, no entanto, não deu certo. “Gastávamos US$ 20 mil (R$ 115 mil) para ganhar US$ 10 mil (R$ 57,5 mil)”, diz ele. Ele percebeu que executivos atarefados, a maioria já contando com assistentes humanos competentes, não eram seu público-alvo. A virada veio quando a June, uma startup de São Francisco que fabrica fornos digitais, começou a usar a Invisible para assumir a exaustiva tarefa de encontrar, entrevistar e agendar chamadas com novos contratados.

Pedraza passou então a buscar outras tarefas irritantes e difíceis de automatizar, como revisar pedidos de reembolso de seguros para a empresa de saúde Headway ou organizar os dados da Nasdaq. Em outras palavras, exatamente o tipo de trabalho maçante que grandes corporações terceirizam há décadas para equipes offshore de empresas como Accenture, Cognizant e Infosys. Algumas dessas tarefas eram distribuídas para trabalhadores remotos; outras, mais simples, eram automatizadas pelos engenheiros da Invisible.

“Os modelos mais capazes serão aqueles que integram inteligência artificial e inteligência humana em uma única solução”, diz Pedraza. “Sempre haverá coisas que os humanos fazem melhor”, ressaltou o fundador da Invisible.

Próximos Passos

Enquanto ele lentamente retoma a posse total da Invisible para si e seus funcionários, seus planos são ambiciosos. A primeira ambição de Pedraza é ocupar o mercado atual da Accenture, cujo valor é estimado em US$ 245 bilhões (R$ 1,4 trilhão). Ele acredita que seus trabalhadores remotos não são apenas mais inteligentes e baratos, mas que o conhecimento interno da Invisible sobre treinamento de IA ajudará a automatizar tarefas mais rápido que a Accenture.

Para liderar essa estratégia, ele contratou Matthew Fitzpatrick, ex-líder do laboratório de IA da McKinsey. “Temos a oportunidade de competir no território deles, conquistando contratos empresariais entre US$ 50 milhões e US$ 100 milhões (R$ 287,5 milhões e R$ 575 milhões)”, afirma Pedraza. Valores bem maiores aos que a empresa tem atualmente.

Caso tudo saia conforme o plano, o fundador da Invisible — e seus funcionários — não precisarão dividir o prêmio com mais ninguém.

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