Decisões da Fed têm impacto a médio prazo na Zona Euro semelhante ao que BCE teria

Se uma borboleta bater as asas na Reserva Federal norte-americana um furacão pode sentir-se na Zona Euro. A teoria popular é aqui aplicada e extrapolada para explicar o impacto da política monetária tomada pelo banco central americano no outro lado do Atlântico. De acordo com uma análise publicada na quarta-feira no blog do Banco Central […]

Fev 6, 2025 - 17:37
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Decisões da Fed têm impacto a médio prazo na Zona Euro semelhante ao que BCE teria

Se uma borboleta bater as asas na Reserva Federal norte-americana um furacão pode sentir-se na Zona Euro. A teoria popular é aqui aplicada e extrapolada para explicar o impacto da política monetária tomada pelo banco central americano no outro lado do Atlântico. De acordo com uma análise publicada na quarta-feira no blog do Banco Central Europeu (BCE), as decisões da instituição liderada por Jerome Powell têm consequências a médio prazo na Zona Euro semelhante às que teriam as opções tomadas por Frankfurt.

Os efeitos a médio prazo da política monetária dos EUA na Zona Euro assemelham-se, portanto, ao impacto atenuante de ações semelhantes por parte do BCE“, concluem os economistas Stefan Gebauer, Georgios Georgiadis, Fédéric Holm-Hadulla and Thomas Kostka.

Na análise, cujas conclusões não vinculam o BCE, os economistas explicam que embora os impactos imediatos da política monetária norte-americana possam ser diferentes, esta irá empurrar a economia dos países da moeda única “na mesma direção que as alterações políticas na Zona Euro fariam“.

Artigo “What happens when US and euro area monetary policy decouple?”

Neste sentido, salientam que as repercussões da política monetária dos EUA funcionam inicialmente na direção oposta à política monetária do BCE, mas posteriormente na mesma direção.

“Por exemplo, um aperto surpreendente na política dos EUA leva a um aumento inicial da inflação na Zona Euro à medida que o euro enfraquece. No entanto, ao longo do tempo, uma política monetária mais restritiva dos EUA reduz a inflação na Zona Euro, tal como faria uma política mais restritiva do BCE”, argumentam.

Segundo os economistas, ao longo do tempo, o impacto inflacionista inicial das taxas diretoras mais elevadas nos EUA é compensado por pressões desinflacionistas mais amplas. “As condições de financiamento mais restritivas dos EUA têm repercussões através dos mercados financeiros globais, conduzindo a um abrandamento da atividade económica na Zona Euro“, explicam.

Simultaneamente, a restritividade da Fed também pesa sobre a atividade económica nos EUA ao longo do tempo, com a menor procura por parte das famílias e empresas dos EUA, implicando menores importações provenientes da Zona Euro.