DELITO há dez anos

  João André: «Neste mundo digitalizado, 2.0 se quisermos, falta a educação que não o torne num wild west. Não falo necessariamente de regulamentos, esses já existem ao nível civil, mas talvez de uma discussão que permita a sua adequação ao mundo em que vivemos hoje. Não precisamos de alguém que ande a correr a net em busca de trolls, mas se eu quiser atacar alguém, necessito de saber (eu e o meu alvo) quais os limites para o meu ataque. E o meu alvo necessita também de saber quais os mecanismos de defesa à sua disposição.»   José António Abreu: «Nos últimos séculos, os dois únicos períodos prolongados de crescimento deveram-se à acção de dois déspotas com preocupações de equilíbrio orçamental: o Marquês de Pombal e António de Oliveira Salazar. (O rendimento médio em Portugal era de cerca de 30% do rendimento médio europeu quando Salazar chegou ao poder e, apesar das medidas iniciais de austeridade, da guerra colonial e da filosofia de favorecimento de meia dúzia de grupos económicos, subira para mais de 50% no final do regime.)»   Luís Menezes Leitão: «Tsipras é ambicioso, tem convicções ideológicas marcadas, tanto assim que até deu ao filho o nome do Che, e não vai querer ficar na história como o Hollande grego. Se seguir um padrão, será o de Lenine, que não hesitou em repudiar os compromissos russos, alegando que o novo estado soviético não tinha que os cumprir. E não me parece que neste momento os gregos encarassem mal uma declaração de bancarrota, pois provavelmente chegaram ao ponto em que acham que nada pode ficar pior do que já está.»   Luís Naves: «Um eventual novo resgate a Atenas será condicionado a reformas; pagar as contas sem mudar significa a repetição da crise daqui a cinco anos. Se a extrema-esquerda não aceitar as condições, não há dinheiro e coloca-se o cenário de bancarrota, pois o país não se financia sozinho.»   Eu: «"O sucesso tem muitos pais, mas a derrota é órfã", dizia John F. Kennedy. Bem sabemos que é assim. Mas convém não abusar. Por muito que, por cá, socialistas de vários matizes -- de Ana Gomes a Isabel Moreira, de Inês de Medeiros a Elisa Ferreira,  passando por Manuel Alegre -- celebrem a vitória eleitoral do Syriza como se fosse um triunfo da sua própria família política, há que dizer com toda a clareza que isso é um enorme equívoco. Quem venceu as legislativas na Grécia não foi a esquerda reformista: foi a esquerda radical. O que faz toda a diferença.»

Jan 26, 2025 - 13:49
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DELITO há dez anos

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João André: «Neste mundo digitalizado, 2.0 se quisermos, falta a educação que não o torne num wild west. Não falo necessariamente de regulamentos, esses já existem ao nível civil, mas talvez de uma discussão que permita a sua adequação ao mundo em que vivemos hoje. Não precisamos de alguém que ande a correr a net em busca de trolls, mas se eu quiser atacar alguém, necessito de saber (eu e o meu alvo) quais os limites para o meu ataque. E o meu alvo necessita também de saber quais os mecanismos de defesa à sua disposição.»

 

José António Abreu: «Nos últimos séculos, os dois únicos períodos prolongados de crescimento deveram-se à acção de dois déspotas com preocupações de equilíbrio orçamental: o Marquês de Pombal e António de Oliveira Salazar. (O rendimento médio em Portugal era de cerca de 30% do rendimento médio europeu quando Salazar chegou ao poder e, apesar das medidas iniciais de austeridade, da guerra colonial e da filosofia de favorecimento de meia dúzia de grupos económicos, subira para mais de 50% no final do regime.)»

 

Luís Menezes Leitão: «Tsipras é ambicioso, tem convicções ideológicas marcadas, tanto assim que até deu ao filho o nome do Che, e não vai querer ficar na história como o Hollande grego. Se seguir um padrão, será o de Lenine, que não hesitou em repudiar os compromissos russos, alegando que o novo estado soviético não tinha que os cumprir. E não me parece que neste momento os gregos encarassem mal uma declaração de bancarrota, pois provavelmente chegaram ao ponto em que acham que nada pode ficar pior do que já está.»

 

Luís Naves: «Um eventual novo resgate a Atenas será condicionado a reformas; pagar as contas sem mudar significa a repetição da crise daqui a cinco anos. Se a extrema-esquerda não aceitar as condições, não há dinheiro e coloca-se o cenário de bancarrota, pois o país não se financia sozinho.»

 

Eu: «"O sucesso tem muitos pais, mas a derrota é órfã", dizia John F. Kennedy. Bem sabemos que é assim. Mas convém não abusar. Por muito que, por cá, socialistas de vários matizes -- de Ana Gomes a Isabel Moreira, de Inês de Medeiros a Elisa Ferreira,  passando por Manuel Alegre -- celebrem a vitória eleitoral do Syriza como se fosse um triunfo da sua própria família política, há que dizer com toda a clareza que isso é um enorme equívoco. Quem venceu as legislativas na Grécia não foi a esquerda reformista: foi a esquerda radical. O que faz toda a diferença.»