Descoberta galáxia 32 vezes maior que a da Terra. O nome dela? “Problema”

Algo 32 vezes maior que a Via Láctea e com o nome “Problema” poderia ser uma ameaça extraterrestre, mas é uma galáxia gigante a 1,44 bilhão de anos-luz do nosso planeta. Astrônomos usaram um radiotelescópio na África do Sul para descobrir a galáxia, uma das maiores já observadas até então.

Aliás, o enorme objeto é considerado uma radiogaláxia. Suas principais estruturas são jatos quentes de plasma que se espalham por milhões de anos-luz pelo espaço intergaláctico. De acordo com os astrônomos, esses jatos podem receber energia de buracos negros supermassivos no centro da galáxia.

Os cientistas publicaram um estudo no final de janeiro, batizando a galáxia de “Inkathazo”, que significa “problema” nos idiomas Xhosa e Zulu. O nome oficial da galáxia gigante é MGTC J100022.85+031520.4.

Galáxia “Problema” exibe comportamento difícil de entender

Kathleen Charlton, astrônoma da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, e principal autora do estudo, afirma que o apelido “problema” reflete que “foi um pouco problemático entender a física por trás do comportamento da galáxia”.

No estudo, os cientistas revelam que descobriram a galáxia usando o radiotelescópio MeerKAT. O radiotelescópio possui um conjunto de 64 antenas, sendo um dos poucos que conseguem localizar radiogaláxias gigantes por sua emissão brilhante de frequências de rádio.

De acordo com os cientistas, radiotelescópios avançados como o MeerKAT são responsáveis por aumentar o número de descobertas desse tipo de galáxia gigante.

Os jatos brilhantes de plasma em vermelho e amarelo nas observações da galáxia “Problema” pelo MeerKAT. Imagem: Kathleen Charlton/MeerKAT/Divulgação

Com o MeerKAT, os astrônomos conseguiram obter dados com a maior resolução da história de uma radiogaláxia gigante. As observações da galáxia “Problema” revelaram que a complexa interação entre jatos de plasma e gás quente nos vazios entre galáxias de um aglomerado ainda é pouco estudada.

“A descoberta desafia modelos existentes e sugere que ainda não compreendemos muito sobre a física plasmática que ocorre nessas galáxias extremas. Por isso, a descoberta da galáxia ‘Problema’ é empolgante e inesperada”, afirma Kshitij Thorat, coautor do estudo.

MeerKAT

Além de ser a maior radiogaláxia descoberta, “Problema” é um marco para a astronomia porque a maioria das observações desse tipo de galáxia ocorreram por radiotelescópios no Hemisfério Norte.

O radiotelescópio MeerKAT. Imagem: Observatório de Radioastronomia da África do Sul/Divulgação

O estudo ressalta, portanto, que o céu ao sul da Linha do Equador tem o potencial para revelar essas gigantes megaestruturas. “Problema” é a terceira galáxia desta classe descoberta pelo telescópio sul-africano.

Além disso, o MeerKAT fará parte do gigante Square Kilometre Array (SKA), conjunto de rádio telescópios em construção na Austrália, que ficará pronto em 2027.

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