Número de presos com HIV na região de Campinas chega ao maior patamar em uma década

Entre 2014 e 2024, outras ISTs também cresceram, enquanto a população presa teve redução. SAP diz que aumento ocorreu por maior número de testagens. Número de presos com HIV na região de Campinas chega ao maior patamar em uma década Dados obtidos pelo g1 via Lei de Acesso à Informação mostram que o número de pessoas presas convivendo com HIV cresceu na região de Campinas (SP). Embora a população privada de liberdade tenha atingido o menor patamar em 2024, o total de infectados chegou ao índice mais alto em 10 anos, com 210 casos. Os dados são da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) e também indicam um aumento na ocorrência de outras infecções sexualmente transmissíveis (IST). A sífilis e as hepatites virais atingiram os maiores números em uma década entre os anos de 2023 e 2024 (confira mais detalhes no gráfico à seguir). Penitenciária III de Hortolândia - presos ocupando cela do setor de inclusão Defensoria Pública do Estado de São Paulo/Divulgação Para um especialista ouvido pela reportagem, o crescimento pode ser atribuído a três hipóteses, incluindo um reflexo do aumento de casos na população em geral, a alta na transmissão dentro das unidades prisionais e um maior número de testes – o que é defendido pela SAP, como mostra a nota completa abaixo. O levantamento considera as 11 unidades prisionais da região, incluindo Alas de Regime Semiaberto (Arsa), Centros de Ressocialização, Centros de Detenção Provisória (CDP), Centros de Progressão Penitenciária (CPP) e Penitenciárias. São elas: Centro de Ressocialização Masculino de Sumaré + Arsa Centro de Ressocialização de Mogi Mirim + Arsa CDP Americana CDP Campinas CDP Hortolândia CPP Hortolândia CPP Campinas Penitenciária II Hortolândia Penitenciária III Hortolândia Penitenciária Feminina de Campinas Penitenciária Feminina de Mogi Guaçu O menor índice de soropositivos dentro das unidades foi registrado em 2018, com 10,3 casos a cada mil presos. Agora, a taxa é 12,7. Em números absolutos, até então, a maior quantia havia sido registrada em 2019, com 183 – naquele ano, eram 13.628 presos e agora são 11.115. Entre os casos de sífilis, o total em 2023 foi o mais elevado da década, com 182, seguido de 2024, com 181. O indicador é 103% maior que o observado 10 anos antes, sendo que agora a população presa está 8,6% menor. Já as hepatite cresceram em quatro vezes no último ano em relação a 2014. LEIA TAMBÉM: Casos de sífilis neste ano em Campinas superam números de 2020 e 2021, alerta prefeitura O que está por trás do aumento O médico infectologista Julio Croda da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) lembra que, como não existe o hábito de consumo de drogas de forma injetável no Brasil – o que normalmente se torna uma forma de transmissão de doenças, devido ao compartilhamento de agulhas – os casos de HIV em presídios, em sua grande maioria, estão ligados à prática sexual desprotegida.

Fev 7, 2025 - 10:55
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Número de presos com HIV na região de Campinas chega ao maior patamar em uma década

Entre 2014 e 2024, outras ISTs também cresceram, enquanto a população presa teve redução. SAP diz que aumento ocorreu por maior número de testagens. Número de presos com HIV na região de Campinas chega ao maior patamar em uma década Dados obtidos pelo g1 via Lei de Acesso à Informação mostram que o número de pessoas presas convivendo com HIV cresceu na região de Campinas (SP). Embora a população privada de liberdade tenha atingido o menor patamar em 2024, o total de infectados chegou ao índice mais alto em 10 anos, com 210 casos. Os dados são da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) e também indicam um aumento na ocorrência de outras infecções sexualmente transmissíveis (IST). A sífilis e as hepatites virais atingiram os maiores números em uma década entre os anos de 2023 e 2024 (confira mais detalhes no gráfico à seguir). Penitenciária III de Hortolândia - presos ocupando cela do setor de inclusão Defensoria Pública do Estado de São Paulo/Divulgação Para um especialista ouvido pela reportagem, o crescimento pode ser atribuído a três hipóteses, incluindo um reflexo do aumento de casos na população em geral, a alta na transmissão dentro das unidades prisionais e um maior número de testes – o que é defendido pela SAP, como mostra a nota completa abaixo. O levantamento considera as 11 unidades prisionais da região, incluindo Alas de Regime Semiaberto (Arsa), Centros de Ressocialização, Centros de Detenção Provisória (CDP), Centros de Progressão Penitenciária (CPP) e Penitenciárias. São elas: Centro de Ressocialização Masculino de Sumaré + Arsa Centro de Ressocialização de Mogi Mirim + Arsa CDP Americana CDP Campinas CDP Hortolândia CPP Hortolândia CPP Campinas Penitenciária II Hortolândia Penitenciária III Hortolândia Penitenciária Feminina de Campinas Penitenciária Feminina de Mogi Guaçu O menor índice de soropositivos dentro das unidades foi registrado em 2018, com 10,3 casos a cada mil presos. Agora, a taxa é 12,7. Em números absolutos, até então, a maior quantia havia sido registrada em 2019, com 183 – naquele ano, eram 13.628 presos e agora são 11.115. Entre os casos de sífilis, o total em 2023 foi o mais elevado da década, com 182, seguido de 2024, com 181. O indicador é 103% maior que o observado 10 anos antes, sendo que agora a população presa está 8,6% menor. Já as hepatite cresceram em quatro vezes no último ano em relação a 2014. LEIA TAMBÉM: Casos de sífilis neste ano em Campinas superam números de 2020 e 2021, alerta prefeitura O que está por trás do aumento O médico infectologista Julio Croda da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) lembra que, como não existe o hábito de consumo de drogas de forma injetável no Brasil – o que normalmente se torna uma forma de transmissão de doenças, devido ao compartilhamento de agulhas – os casos de HIV em presídios, em sua grande maioria, estão ligados à prática sexual desprotegida.