Pacheco avalia ser cedo para prometer palanque a Lula em MG

Cotado para a Esplanada dos Ministérios, o senador analisará cenário em 2026 para não entrar em campanha fadada a fracasso

Fev 7, 2025 - 10:59
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Pacheco avalia ser cedo para prometer palanque a Lula em MG

O ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) avalia ser cedo para decidir definitivamente se será candidato ao governo de Minas Gerais em 2026, mesmo se aceitar assumir um ministério no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista quer um palanque no Estado daqui a 2 anos. Pacheco, entretanto, não quer disputar uma eleição sem chance real de vitória.

Pacheco tirará férias e só volta a Brasília depois do Carnaval, no início de março. Não decidirá sobre ser ministro de Lula antes disso. Será mais de 1 mês em que as mudanças na Esplanada devem continuar em banho-maria.

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Como já mostrou o Poder360, os partidos preferiram se concentrar, neste momento, na divisão das comissões da Câmara e do Senado. Querem negociar com o governo a partir destas definições. Por isso, a reforma deve sair só depois do Carnaval e pode se prolongar além de março.

Pacheco considera que poderá assumir um ministério de Lula em 2025 e ficar no cargo até o ano seguinte. A partir daí, analisará a conjectura política nacional e mineira para as próximas eleições para decidir se será candidato. Se o governo petista estiver derrapando na economia e sem apelo popular, não deve embarcar na campanha.

Pacheco tem ouvido sondagens de interlocutores do presidente, como o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e o líder governista no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP). Todos querem saber se o mineiro topa assumir um ministério e ser candidato em 2026. Ainda não ouviram uma resposta definitiva dele, que aguarda contato direto de Lula.

O petista quer um palanque em Minas Gerais com a vinda do senador para a Esplanada dos Ministérios. Na última 5ª feira (30.jan), Lula disse querer que Pacheco seja governador em 2026.

“Eu não posso dizer quem vai ser [ministro]. Se pudesse falar, eu falaria. Mas o que eu quero é que o Pacheco seja governador de Minas Gerais”, disse.

Além dos governistas, o ex-presidente do Senado também começou a ser incentivado a aceitar a proposta do petista por empresários de Minas. Representantes da construção civil, mineração e energia já abordaram o entorno de Pacheco. Avaliam que o senador daria mais previsibilidade em um futuro governo mineiro.

Na reforma ministerial, Pacheco era cotado para a Defesa, mas José Múcio já sinalizou que ficará mais tempo no cargo. Também apareceu em apostas para a Justiça, e Lewandowski disse precisar de mais tempo para suas entregas.

Só sobrou a Indústria e Comércio, sob o comando de Geraldo Alckmin, que poderia ficar só no cargo de vice-presidente. 

Lula quer dar espaço de destaque ao senador nos próximos 2 anos para valorizar seu palanque em Minas. Ainda que possa ter poucas chances de vitória, poderá dar a Lula uma boa projeção no Estado, o 2º mais populoso do país. O petista também quer se aproximar da Fiemg (Federação da Indústria do Estado de Minas Gerais).

Da desistência ao flerte

Em novembro de 2024, o então presidente do Senado afirmou que poderia encerrar sua vida pública em 2027. Disse que tomaria uma decisão definitiva depois que seu mandato à frente do Congresso terminasse, em 2026, mas que já estava realizado na política.

“A decisão do futuro político eu me permito fazer quando terminar meu mandato na Presidência do Senado. A decisão de não ser candidato é uma decisão que pertence a mim. Mas não é algo que hoje eu tenho em mente. De fato hoje eu tenho uma tendência muito mais forte em encerrar minha vida pública em 2027, do que ser candidato em 2026”, afirmou o presidente à época.

O Poder360 apurou que a fala foi para colocar panos quentes em um Senado altamente polarizado no fim do ano. A oposição pressionava Pacheco a pautar projetos e decidir contra o governo. Julgavam que suas decisões estavam contaminadas pelo desejo de ser ministro e governador em 2026.

Em 2025, o tom mudou. Em 16 de janeiro, Lula e Pacheco trocaram elogios publicamente em cerimônia no Palácio do Planalto para sancionar a regulamentação da reforma tributária.

Correligionários de Lula viram nos discursos indícios de que o senador estaria a caminho da Esplanada.

Assista à troca de elogios entre Pacheco e Lula (3min7s):

Já em 1º de fevereiro, o senador declarou ser “um sonho antigo” assumir o governo de Minas Gerais. O congressista deixava o comando do Senado e do Congresso naquele fim de semana. 

O ex-presidente do Senado declarou que, apesar de ter vontade de comandar o Estado, uma possível candidatura depende de outras circunstâncias:

“Quem está na política e diz que não tem vontade de comandar o seu Estado, não está falando a verdade. É obvio que isso é um desejo, é um sonho de qualquer político do seu Estado. É um sonho antigo de governar o meu Estado [Minas Gerais]. Se isso se concretizará ou não, depende de muitas variáveis”.