PEC do semipresidencialismo é protocolada na Câmara

Proposta ganhou força depois que Hugo Motta (Republicanos-PB) defendeu a existência da discussão no Congresso Nacional

Fev 6, 2025 - 23:19
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PEC do semipresidencialismo é protocolada na Câmara

A PEC (proposta de emenda à Constituição) do semipresidencialismo foi protocolada no site da Câmara dos Deputados nesta 5ª feira (6.fev.2025), depois de conseguir 179 assinaturas. Isso significa que ela pode começar a tramitar. Eis a íntegra.

O texto ganhou força depois que Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara dos Deputados, defendeu a existência de um debate sobre o tema.

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O autor é o deputado federal Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR). “É um sonho antigo, precisamos modernizar este país”, disse o congressista ao Poder360.

Para conseguir protocolar uma PEC, o congressista precisa da assinatura de ⅓ dos membros da Câmara. Com 513 deputados federais, ele precisava de, no mínimo, 171 assinaturas, conquistadas na 4ª feira (5.fev).

Na 3ª feira, Motta, em entrevista à Globonews, disse que a discussão deveria existir a longo prazo, sem pressa: “A discussão sobre o parlamentarismo eu penso que deve existir tanto na Câmara como no Senado. Não para que isso seja aplicado para 2026, isso seria impossível, ou para 2030″.

Para Motta, a aprovação dessa reforma política fica inviabilizada se a intenção for a aplicação a partir da próxima eleição. “É muito difícil de se aprovar, nós já vimos isso aqui muitas e muitas vezes”, afirmou.

O presidente da Câmara citou exemplos de países da Europa em que o regime vigente é o parlamentarismo. “E me parece que tem sido um modelo que tem trazido avanços para esses países”, disse.

No entanto, declarou que o Brasil não tem condições de aplicar a mudança de uma hora para a outra. “Para que não represente, meramente, uma usurpação do direito de se escolher quem será o próximo presidente da República”, disse.

No parlamentarismo, a população elege os congressistas e são eles os responsáveis por eleger o primeiro-ministro. Ele é a figura que exerce o Poder Executivo, que no presidencialismo é exercido pelo presidente da República. Em 1993, a população rejeitou a ideia de parlamentarismo em um plebiscito. Por isso os congressistas adaptaram a proposta para o que chamaram de semipresidencialismo. 

SEMIPRESIDENCIALISMO

Na proposta apresentada, o presidente da República continua existindo, mas com poderes limitados. Ele é o chefe de Estado e o comandante supremo das Forças Armadas.

O governo, no entanto, é exercido pelo primeiro-ministro e pelos integrantes do conselho de ministros. 

O presidente seria o responsável por nomear o primeiro-ministro, depois de consultar os partidos políticos que compõem a maioria da Câmara dos Deputados.

O indicado para o cargo seria escolhido entre os membros do Congresso Nacional. Um dos requisitos é a idade mínima de 35 anos. 

No regime proposto, as competências do primeiro-ministro são:

  • exercer a direção superior da administração federal; 
  • elaborar o programa de governo e submetê-lo à aprovação do Presidente da República; 
  • indicar, para a nomeação pelo Presidente da República, os Ministros de Estado e solicitar sua exoneração; 
  • promover a unidade da ação governamental, elaborar planos e programas nacionais e regionais de desenvolvimento, submetendo-os ao Congresso Nacional; 
  • expedir decretos e regulamentos para a fiel execução das leis; 
  • enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas dos orçamentos; 
  • prestar contas, anualmente, ao Congresso Nacional até sessenta dias após a abertura da sessão legislativa; 
  • dispor sobre a organização e o funcionamento da administração federal, na forma da lei; 
  • iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;
  • acompanhar os projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional, com a colaboração dos Ministros de Estado; 
  • prover e extinguir os cargos públicos federais,na forma da lei; 
  • conceder, autorizar, permitir ou renovar serviços de radiodifusão e de televisão; 
  • convocar e presidir o Conselho de Ministros; 
  • comparecer regularmente ao Congresso Nacional ou às suas Casas e participar das respectivas sessões, na forma regimental; 
  • acumular, eventualmente, qualquer Ministério; 
  • integrar o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional; 
  • enviar mensagem ao Congresso Nacional ou a qualquer de suas Casas;
  • proferir mensagem ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do país e solicitando as providências que julgar necessárias, devendo avaliar a realização, pelo governo, das metas previstas no plano plurianual de investimento e nos orçamentos da União; 
  • exercer outras atribuições previstas nesta Constituição ou que Ihe forem delegadas pelo Presidente da República.

TEMA ANTIGO

Não é a primeira vez que o assunto aparece. Ministros do próprio STF já defenderam a discussão no Congresso Nacional.

Em 2017, o ministro Gilmar Mendes enviou ao Senado a minuta de uma PEC que institui o sistema de semipresidencialismo no Brasil. 

De acordo com as ideias apresentadas pelo magistrado, seria criado o cargo de primeiro-ministro. Para assumir o cargo, ele teria de ter, no mínimo, 35 anos de idade –a mesma exigida atualmente para postulantes à Presidência da República.

Em 2021, o atual presidente do STF, Luís Roberto Barroso, deu declarações favoráveis à alteração constitucional. 

“Essa [modelo de semi-presidencialismo] é a inovação que eu acho que nós devemos implementar no Brasil para 2026. Para que não haja mais nenhum interesse posto sob a mesa”, disse, em simpósio interdisciplinar sobre o sistema político brasileiro. 

Em janeiro deste ano, Mendes voltou a falar do assunto, durante o Brazil Economic Fórum Zurich 2025, realizado na Suíça pelo grupo Lide.

“A partir de 2015, durante o governo Dilma Rousseff  e com Eduardo Cunha na [presidência da] Câmara, as emendas antes propositivas se tornam impositivas. Isso foi sendo alterado até as emendas Pix. E é um modelo esquisito, estrambótico. O parlamentar participa da execução da política, mas não tem responsabilidade. Não é chegada a hora de pensarmos em um semipresidencialismo?”, disse.

Gilmar Mendes conectou a ideia do semipresidencialismo ao tamanho do controle do orçamento que o Congresso Nacional alcançou nos últimos anos.

Leia quem assinou:

  • Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR)
  • Lafayette de Andrada (Republicanos-MG)
  • Mauricio Marcon (Podemos-RS)
  • Otto Alencar Filho (PSD-BA)
  • Benes Leocádio (União Brasil-RN)
  • José Rocha (União Brasil-BA)
  • José Nelto (União Brasil-GO)
  • Julio Cesar Ribeiro (Republicanos-DF)
  • Amaro Neto (Republicanos-ES)
  • Defensor Stélio Dener (Republicanos-RR)
  • Osmar Terra (MDB-RS)
  • Dr. Fernando Máximo (União Brasil-RO)
  • Ossesio Silva (Republicanos-PE)
  • Dani Cunha (União Brasil-RJ)
  • Vermelho (PL-PR)
  • Aluisio Mendes (Republicanos-MA)
  • Alfredo Gaspar (União Brasil-AL)
  • Alberto Fraga (PL-DF)
  • Kim Kataguiri (União Brasil-SP)
  • Domingos Sávio (PL-MG)
  • Sanderson (PL-RS)
  • Bibo Nunes (PL-RS)
  • Marcos Pollon (PL-MS)
  • General Girão (PL-RN)
  • Luiz Lima (PL-RJ)
  • Cabo Gilberto Silva (PL-PB)
  • Rosangela Moro (União Brasil-SP)
  • Doutor Luizinho (PP-RJ)
  • Hugo Motta (Republicanos-PB)
  • Joaquim Passarinho (PL-PA)
  • Átila Lira (PP-PI)
  • Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL)
  • Moses Rodrigues (União Brasil-CE)
  • Eduardo da Fonte (PP-PE)
  • Lula da Fonte (PP-PE)
  • Luiz Fernando Faria (PSD-MG)
  • Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG)
  • Rafael Prudente (MDB-DF)
  • Newton Cardoso Jr (MDB-MG)
  • Guilherme Uchoa (PSB-PE)
  • Gilberto Abramo (Republicanos-MG)
  • Igor Timo (PSD-MG)
  • Wellington Roberto (PL-PB)
  • Augusto Coutinho (Republicanos-PE)
  • Domingos Neto (PSD-CE)
  • Ricardo Ayres (Republicanos-TO)
  • Aécio Neves (PSDB-MG)
  • Dr. Zacharias Calil (União Brasil-GO)
  • Reinhold Stephanes (PSD-PR)
  • Luis Carlos Gomes (Republicanos-RJ)
  • David Soares (União Brasil-SP)
  • Bandeira de Mello (PSB-RJ)
  • Félix Mendonça Júnior (PDT-BA)
  • Bruno Farias (Avante-MG)
  • Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG)
  • Delegado Marcelo Freitas (União Brasil-MG)
  • Marx Beltrão (PP-AL)
  • Duda Ramos (MDB-RR)
  • Mauricio do Vôlei (PL-MG)
  • Greyce Elias (Avante-MG)
  • Laura Carneiro (PSD-RJ)
  • Rafael Simoes (União Brasil-MG)
  • Pedro Paulo (PSD-RJ)
  • Jeferson Rodrigues (Republicanos-GO)
  • Marangoni (União Brasil-SP)
  • Eli Borges (PL-TO)
  • Euclydes Pettersen (Republicanos-MG)
  • Padovani (União Brasil-PR)
  • Mário Heringer (PDT-MG)
  • Icaro de Valmir (PL-SE)
  • Claudio Cajado (PP-BA)
  • Pastor Eurico (PL-PE)
  • Charles Fernandes (PSD-BA)
  • Fernando Coelho Filho (União Brasil-PE)
  • Zé Trovão (PL-SC)
  • Zucco (PL-RS)
  • Rodrigo da Zaeli (PL-MT)
  • Fausto Pinato (PP-SP)
  • Pauderney Avelino (União Brasil-AM)
  • Roberta Roma (PL-BA)
  • Robinson Faria (PL-RN)
  • Soraya Santos (PL-RJ)
  • Damião Feliciano (União Brasil-PB)
  • Paulo Azi (União Brasil-BA)
  • Vitor Lippi (PSDB-SP)
  • Otoni de Paula (MDB-RJ)
  • Adolfo Viana (PSDB-BA)
  • Beto Richa (PSDB-PR)
  • Geraldo Resende (PSDB-MS)
  • Bacelar (PV-BA)
  • Delegada Katarina (PSD-SE)
  • Marcelo Queiroz (PP-RJ)
  • Júnior Ferrari (PSD-PA)
  • Rodrigo Valadares (União Brasil-SE)
  • Elmar Nascimento (União Brasil-BA)
  • Sidney Leite (PSD-AM)
  • Pompeo de Mattos (PDT-RS)
  • Sóstenes Cavalcante (PL-RJ)
  • Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP)
  • Dilceu Sperafico (PP-PR)
  • Julio Lopes (PP-RJ)
  • Pedro Westphalen (PP-RS)
  • Luciano Vieira (Republicanos-RJ)
  • Delegada Ione (Avante-MG)
  • Dr. Victor Linhalis (Podemos-ES)
  • Arnaldo Jardim (Cidadania-SP)
  • Celso Russomanno (Republicanos-SP)
  • Giovani Cherini (PL-RS)
  • Ronaldo Nogueira (Republicanos-RS)
  • Dr. Ismael Alexandrino (PSD-GO)
  • Jorge Goetten (Republicanos-SC)
  • Capitão Alberto Neto (PL-AM)
  • Thiago de Joaldo (PP-SE)
  • Robério Monteiro (PDT-CE)
  • Cobalchini (MDB-SC)
  • Da Vitoria (PP-ES)
  • Fernando Monteiro (PP-PE)
  • Carlos Henrique Gaguim (União Brasil-TO)
  • Baleia Rossi (MDB-SP)
  • Yury do Paredão (MDB-CE)
  • Mauricio Neves (PP-SP)
  • Renilce Nicodemos (MDB-PA)
  • Coronel Assis (União Brasil-MT)
  • Danilo Forte (União Brasil-CE)
  • Mendonça Filho (União Brasil-PE)
  • Dr. Luiz Ovando (PP-MS)
  • Fernando Rodolfo (PL-PE)
  • Pastor Gil (PL-MA)
  • Gilvan da Federal (PL-ES)
  • José Medeiros (PL-MT)
  • Paulinho da Força (Solidariedade-SP)
  • Alex Manente (Cidadania-SP)
  • Zé Silva (Solidariedade-MG)
  • Beto Pereira (PSDB-MS)
  • Carlos Sampaio (PSD-SP)
  • Leo Prates (PDT-BA)
  • Orlando Silva (PCdoB-SP)
  • Diego Garcia (Republicanos-PR)
  • Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE)
  • Fred Linhares (Republicanos-DF)
  • Ely Santos (Republicanos-SP)
  • Samuel Viana (Republicanos-MG)
  • Murilo Galdino (Republicanos-PB)
  • Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP)
  • Pedro Lupion (PP-PR)
  • Luiz Nishimori (PSD-PR)
  • Wilson Santiago (Republicanos-PB)
  • Pinheirinho (PP-MG)
  • Rosângela Reis (PL-MG)
  • Paulo Magalhães (PSD-BA)
  • Alceu Moreira (MDB-RS)
  • AJ Albuquerque (PP-CE)
  • Maria Rosas (Republicanos-SP)
  • Arthur Oliveira Maia (União Brasil-BA)
  • Célio Silveira (MDB-GO)
  • Pezenti (MDB-SC)
  • Mauro Benevides Filho (PDT-CE)
  • Jadyel Alencar (Republicanos-PI)
  • Cleber Verde (MDB-MA)
  • Renata Abreu (Podemos-SP)
  • Márcio Marinho (Republicanos-BA)
  • Marcelo Crivella (Republicanos-RJ)
  • Silvia Cristina (PP-RO)
  • Afonso Motta (PDT-RS)
  • Adail Filho (Republicanos-AM)
  • Ruy Carneiro (Podemos-PB)
  • Marco Brasil (PP-PR)
  • Roberto Duarte (Republicanos-AC)
  • Toninho Wandscheer (PP-PR)
  • Lêda Borges (PSDB-GO)
  • Thiago Flores (Republicanos-RO)
  • Rodrigo de Castro (União Brasil-MG)
  • Vinicius Carvalho (Republicanos-SP)
  • Alex Santana (Republicanos-BA)
  • Jorge Braz (Republicanos-RJ)
  • Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ)
  • Silas Câmara (Republicanos-AM)
  • Hugo Leal (PSD-RJ)
  • Albuquerque (Republicanos-RR)