PEC do semipresidencialismo é protocolada na Câmara
Proposta ganhou força depois que Hugo Motta (Republicanos-PB) defendeu a existência da discussão no Congresso Nacional
A PEC (proposta de emenda à Constituição) do semipresidencialismo foi protocolada no site da Câmara dos Deputados nesta 5ª feira (6.fev.2025), depois de conseguir 179 assinaturas. Isso significa que ela pode começar a tramitar. Eis a íntegra.
O texto ganhou força depois que Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara dos Deputados, defendeu a existência de um debate sobre o tema.
O autor é o deputado federal Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR). “É um sonho antigo, precisamos modernizar este país”, disse o congressista ao Poder360.
Para conseguir protocolar uma PEC, o congressista precisa da assinatura de ⅓ dos membros da Câmara. Com 513 deputados federais, ele precisava de, no mínimo, 171 assinaturas, conquistadas na 4ª feira (5.fev).
Na 3ª feira, Motta, em entrevista à Globonews, disse que a discussão deveria existir a longo prazo, sem pressa: “A discussão sobre o parlamentarismo eu penso que deve existir tanto na Câmara como no Senado. Não para que isso seja aplicado para 2026, isso seria impossível, ou para 2030″.
Para Motta, a aprovação dessa reforma política fica inviabilizada se a intenção for a aplicação a partir da próxima eleição. “É muito difícil de se aprovar, nós já vimos isso aqui muitas e muitas vezes”, afirmou.
O presidente da Câmara citou exemplos de países da Europa em que o regime vigente é o parlamentarismo. “E me parece que tem sido um modelo que tem trazido avanços para esses países”, disse.
No entanto, declarou que o Brasil não tem condições de aplicar a mudança de uma hora para a outra. “Para que não represente, meramente, uma usurpação do direito de se escolher quem será o próximo presidente da República”, disse.
No parlamentarismo, a população elege os congressistas e são eles os responsáveis por eleger o primeiro-ministro. Ele é a figura que exerce o Poder Executivo, que no presidencialismo é exercido pelo presidente da República. Em 1993, a população rejeitou a ideia de parlamentarismo em um plebiscito. Por isso os congressistas adaptaram a proposta para o que chamaram de semipresidencialismo.
SEMIPRESIDENCIALISMO
Na proposta apresentada, o presidente da República continua existindo, mas com poderes limitados. Ele é o chefe de Estado e o comandante supremo das Forças Armadas.
O governo, no entanto, é exercido pelo primeiro-ministro e pelos integrantes do conselho de ministros.
O presidente seria o responsável por nomear o primeiro-ministro, depois de consultar os partidos políticos que compõem a maioria da Câmara dos Deputados.
O indicado para o cargo seria escolhido entre os membros do Congresso Nacional. Um dos requisitos é a idade mínima de 35 anos.
No regime proposto, as competências do primeiro-ministro são:
- exercer a direção superior da administração federal;
- elaborar o programa de governo e submetê-lo à aprovação do Presidente da República;
- indicar, para a nomeação pelo Presidente da República, os Ministros de Estado e solicitar sua exoneração;
- promover a unidade da ação governamental, elaborar planos e programas nacionais e regionais de desenvolvimento, submetendo-os ao Congresso Nacional;
- expedir decretos e regulamentos para a fiel execução das leis;
- enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas dos orçamentos;
- prestar contas, anualmente, ao Congresso Nacional até sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;
- dispor sobre a organização e o funcionamento da administração federal, na forma da lei;
- iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;
- acompanhar os projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional, com a colaboração dos Ministros de Estado;
- prover e extinguir os cargos públicos federais,na forma da lei;
- conceder, autorizar, permitir ou renovar serviços de radiodifusão e de televisão;
- convocar e presidir o Conselho de Ministros;
- comparecer regularmente ao Congresso Nacional ou às suas Casas e participar das respectivas sessões, na forma regimental;
- acumular, eventualmente, qualquer Ministério;
- integrar o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;
- enviar mensagem ao Congresso Nacional ou a qualquer de suas Casas;
- proferir mensagem ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do país e solicitando as providências que julgar necessárias, devendo avaliar a realização, pelo governo, das metas previstas no plano plurianual de investimento e nos orçamentos da União;
- exercer outras atribuições previstas nesta Constituição ou que Ihe forem delegadas pelo Presidente da República.
TEMA ANTIGO
Não é a primeira vez que o assunto aparece. Ministros do próprio STF já defenderam a discussão no Congresso Nacional.
Em 2017, o ministro Gilmar Mendes enviou ao Senado a minuta de uma PEC que institui o sistema de semipresidencialismo no Brasil.
De acordo com as ideias apresentadas pelo magistrado, seria criado o cargo de primeiro-ministro. Para assumir o cargo, ele teria de ter, no mínimo, 35 anos de idade –a mesma exigida atualmente para postulantes à Presidência da República.
Em 2021, o atual presidente do STF, Luís Roberto Barroso, deu declarações favoráveis à alteração constitucional.
“Essa [modelo de semi-presidencialismo] é a inovação que eu acho que nós devemos implementar no Brasil para 2026. Para que não haja mais nenhum interesse posto sob a mesa”, disse, em simpósio interdisciplinar sobre o sistema político brasileiro.
Em janeiro deste ano, Mendes voltou a falar do assunto, durante o Brazil Economic Fórum Zurich 2025, realizado na Suíça pelo grupo Lide.
“A partir de 2015, durante o governo Dilma Rousseff e com Eduardo Cunha na [presidência da] Câmara, as emendas antes propositivas se tornam impositivas. Isso foi sendo alterado até as emendas Pix. E é um modelo esquisito, estrambótico. O parlamentar participa da execução da política, mas não tem responsabilidade. Não é chegada a hora de pensarmos em um semipresidencialismo?”, disse.
Gilmar Mendes conectou a ideia do semipresidencialismo ao tamanho do controle do orçamento que o Congresso Nacional alcançou nos últimos anos.
Leia quem assinou:
- Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR)
- Lafayette de Andrada (Republicanos-MG)
- Mauricio Marcon (Podemos-RS)
- Otto Alencar Filho (PSD-BA)
- Benes Leocádio (União Brasil-RN)
- José Rocha (União Brasil-BA)
- José Nelto (União Brasil-GO)
- Julio Cesar Ribeiro (Republicanos-DF)
- Amaro Neto (Republicanos-ES)
- Defensor Stélio Dener (Republicanos-RR)
- Osmar Terra (MDB-RS)
- Dr. Fernando Máximo (União Brasil-RO)
- Ossesio Silva (Republicanos-PE)
- Dani Cunha (União Brasil-RJ)
- Vermelho (PL-PR)
- Aluisio Mendes (Republicanos-MA)
- Alfredo Gaspar (União Brasil-AL)
- Alberto Fraga (PL-DF)
- Kim Kataguiri (União Brasil-SP)
- Domingos Sávio (PL-MG)
- Sanderson (PL-RS)
- Bibo Nunes (PL-RS)
- Marcos Pollon (PL-MS)
- General Girão (PL-RN)
- Luiz Lima (PL-RJ)
- Cabo Gilberto Silva (PL-PB)
- Rosangela Moro (União Brasil-SP)
- Doutor Luizinho (PP-RJ)
- Hugo Motta (Republicanos-PB)
- Joaquim Passarinho (PL-PA)
- Átila Lira (PP-PI)
- Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL)
- Moses Rodrigues (União Brasil-CE)
- Eduardo da Fonte (PP-PE)
- Lula da Fonte (PP-PE)
- Luiz Fernando Faria (PSD-MG)
- Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG)
- Rafael Prudente (MDB-DF)
- Newton Cardoso Jr (MDB-MG)
- Guilherme Uchoa (PSB-PE)
- Gilberto Abramo (Republicanos-MG)
- Igor Timo (PSD-MG)
- Wellington Roberto (PL-PB)
- Augusto Coutinho (Republicanos-PE)
- Domingos Neto (PSD-CE)
- Ricardo Ayres (Republicanos-TO)
- Aécio Neves (PSDB-MG)
- Dr. Zacharias Calil (União Brasil-GO)
- Reinhold Stephanes (PSD-PR)
- Luis Carlos Gomes (Republicanos-RJ)
- David Soares (União Brasil-SP)
- Bandeira de Mello (PSB-RJ)
- Félix Mendonça Júnior (PDT-BA)
- Bruno Farias (Avante-MG)
- Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG)
- Delegado Marcelo Freitas (União Brasil-MG)
- Marx Beltrão (PP-AL)
- Duda Ramos (MDB-RR)
- Mauricio do Vôlei (PL-MG)
- Greyce Elias (Avante-MG)
- Laura Carneiro (PSD-RJ)
- Rafael Simoes (União Brasil-MG)
- Pedro Paulo (PSD-RJ)
- Jeferson Rodrigues (Republicanos-GO)
- Marangoni (União Brasil-SP)
- Eli Borges (PL-TO)
- Euclydes Pettersen (Republicanos-MG)
- Padovani (União Brasil-PR)
- Mário Heringer (PDT-MG)
- Icaro de Valmir (PL-SE)
- Claudio Cajado (PP-BA)
- Pastor Eurico (PL-PE)
- Charles Fernandes (PSD-BA)
- Fernando Coelho Filho (União Brasil-PE)
- Zé Trovão (PL-SC)
- Zucco (PL-RS)
- Rodrigo da Zaeli (PL-MT)
- Fausto Pinato (PP-SP)
- Pauderney Avelino (União Brasil-AM)
- Roberta Roma (PL-BA)
- Robinson Faria (PL-RN)
- Soraya Santos (PL-RJ)
- Damião Feliciano (União Brasil-PB)
- Paulo Azi (União Brasil-BA)
- Vitor Lippi (PSDB-SP)
- Otoni de Paula (MDB-RJ)
- Adolfo Viana (PSDB-BA)
- Beto Richa (PSDB-PR)
- Geraldo Resende (PSDB-MS)
- Bacelar (PV-BA)
- Delegada Katarina (PSD-SE)
- Marcelo Queiroz (PP-RJ)
- Júnior Ferrari (PSD-PA)
- Rodrigo Valadares (União Brasil-SE)
- Elmar Nascimento (União Brasil-BA)
- Sidney Leite (PSD-AM)
- Pompeo de Mattos (PDT-RS)
- Sóstenes Cavalcante (PL-RJ)
- Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP)
- Dilceu Sperafico (PP-PR)
- Julio Lopes (PP-RJ)
- Pedro Westphalen (PP-RS)
- Luciano Vieira (Republicanos-RJ)
- Delegada Ione (Avante-MG)
- Dr. Victor Linhalis (Podemos-ES)
- Arnaldo Jardim (Cidadania-SP)
- Celso Russomanno (Republicanos-SP)
- Giovani Cherini (PL-RS)
- Ronaldo Nogueira (Republicanos-RS)
- Dr. Ismael Alexandrino (PSD-GO)
- Jorge Goetten (Republicanos-SC)
- Capitão Alberto Neto (PL-AM)
- Thiago de Joaldo (PP-SE)
- Robério Monteiro (PDT-CE)
- Cobalchini (MDB-SC)
- Da Vitoria (PP-ES)
- Fernando Monteiro (PP-PE)
- Carlos Henrique Gaguim (União Brasil-TO)
- Baleia Rossi (MDB-SP)
- Yury do Paredão (MDB-CE)
- Mauricio Neves (PP-SP)
- Renilce Nicodemos (MDB-PA)
- Coronel Assis (União Brasil-MT)
- Danilo Forte (União Brasil-CE)
- Mendonça Filho (União Brasil-PE)
- Dr. Luiz Ovando (PP-MS)
- Fernando Rodolfo (PL-PE)
- Pastor Gil (PL-MA)
- Gilvan da Federal (PL-ES)
- José Medeiros (PL-MT)
- Paulinho da Força (Solidariedade-SP)
- Alex Manente (Cidadania-SP)
- Zé Silva (Solidariedade-MG)
- Beto Pereira (PSDB-MS)
- Carlos Sampaio (PSD-SP)
- Leo Prates (PDT-BA)
- Orlando Silva (PCdoB-SP)
- Diego Garcia (Republicanos-PR)
- Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE)
- Fred Linhares (Republicanos-DF)
- Ely Santos (Republicanos-SP)
- Samuel Viana (Republicanos-MG)
- Murilo Galdino (Republicanos-PB)
- Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP)
- Pedro Lupion (PP-PR)
- Luiz Nishimori (PSD-PR)
- Wilson Santiago (Republicanos-PB)
- Pinheirinho (PP-MG)
- Rosângela Reis (PL-MG)
- Paulo Magalhães (PSD-BA)
- Alceu Moreira (MDB-RS)
- AJ Albuquerque (PP-CE)
- Maria Rosas (Republicanos-SP)
- Arthur Oliveira Maia (União Brasil-BA)
- Célio Silveira (MDB-GO)
- Pezenti (MDB-SC)
- Mauro Benevides Filho (PDT-CE)
- Jadyel Alencar (Republicanos-PI)
- Cleber Verde (MDB-MA)
- Renata Abreu (Podemos-SP)
- Márcio Marinho (Republicanos-BA)
- Marcelo Crivella (Republicanos-RJ)
- Silvia Cristina (PP-RO)
- Afonso Motta (PDT-RS)
- Adail Filho (Republicanos-AM)
- Ruy Carneiro (Podemos-PB)
- Marco Brasil (PP-PR)
- Roberto Duarte (Republicanos-AC)
- Toninho Wandscheer (PP-PR)
- Lêda Borges (PSDB-GO)
- Thiago Flores (Republicanos-RO)
- Rodrigo de Castro (União Brasil-MG)
- Vinicius Carvalho (Republicanos-SP)
- Alex Santana (Republicanos-BA)
- Jorge Braz (Republicanos-RJ)
- Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ)
- Silas Câmara (Republicanos-AM)
- Hugo Leal (PSD-RJ)
- Albuquerque (Republicanos-RR)