Reinício do fim dos Óscares: onde se encaixam as marcas nesta incerteza?
Opinião de Filipe Neves, Managing Director da Arena Media
Por Filipe Neves, Managing Director da Arena Media
O início de março trará mais uma madrugada de Óscares, que, apesar de (na minha opinião) estar longe de trazer filmes ou interpretações memoráveis, poderá projetar o futuro próximo da ainda grandiosa cerimónia da sétima arte.
Nos últimos 10 anos, a cerimónia perdeu mais de metade dos espectadores nos Estados Unidos, enfrentou uma pandemia e recentemente uma vaga de incêndios que varreu a Califórnia, fragilizando a indústria. Os alertas desta queda têm sido dados ano após ano e as tentativas da academia para revitalizar a cerimónia e torná-la mais apelativa, principalmente para os mais jovens no pós-covid, têm falhado redondamente.
Em 2022, por exemplo, a academia decidiu incluir influenciadores, músicos pop (e até K-pop) e desportistas radicais nas entregas de prémios. O resultado foi um desastre total em termos de audiências, qualidade do espetáculo e, acima de tudo, para quem realmente gosta dos Óscares. Relembro que, no tributo aos 50 anos de “O Padrinho”, com Coppola, De Niro e Pacino em palco, onde havia tanto para dizer, o discurso foi tomado na totalidade por… P. Diddy. Já no ano anterior (2021), a desastrosa cerimónia na Union Station de Los Angeles teve um estalo ao apresentador como o momento alto da noite (que chamou de volta as pessoas à cerimónia), registando ainda assim o pior número de espectadores da história moderna dos Óscares.
No entanto, os dois últimos anos têm sido de retoma. As audiências estão a crescer (ainda que sejam metade de há 10 anos), revelando que a velha fórmula resulta: bons filmes, A-list actors e um grande apresentador.
Apesar de tudo, para este ano o contexto não é animador. Os incêndios ainda estão bem presentes em toda a Hollywood e, principalmente, os filmes nomeados não são memoráveis. Conan O’Brien é mais irreverente que Jimmy Kimmel, mas poderá não ser suficiente para atrair mais espectadores no dia 3 de março.
E as marcas? Estar nos Óscares é procurar o que de melhor a indústria do cinema tem para oferecer: glamour, fama, star quality, movie stars e, claro, o impacto desta presença. O exemplo da Kodak, que chegou a abrir processo de falência, mas ainda perdura na memória como a marca anfitriã da cerimónia é um exemplo dessa força, o que continua a fazer deste evento uma oportunidade única em qualquer fuso horário do planeta. Este é um momento que conjuga o “aspiracional” com todo o saudosismo popular de uma Geração X e Millennial, que marcou nas últimas décadas quem gosta de cinema, e não são poucos… bastantes.
O futuro irá, no entanto, depender do interesse dos espectadores que são mais sensíveis, exigentes e informados. Se os Óscares voltarão a ser apetecíveis e recuperarão os que perderam na última década, é a fórmula que a academia terá que encontrar. E, se encontrar, as marcas lá estarão.