Secretário defende rotina de operações em favelas do RJ: 'Ou a gente paga esse preço agora ou a gente perde o controle no futuro'
Em entrevista para série de reportagens sobre a expansão do tráfico na Grande Jacarepaguá, Victor Santos afirmou que o RJ errou ao focar, no passado, em combater só a milícia. Secretário de Segurança fala sobre aumento do tráfico na Grande Jacarepaguá O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, disse ser contra ocupações permanentes em comunidades e defendeu que o estado faça uma rotina de operações para asfixiar, principalmente, a estrutura financeira dos criminosos. Segundo Santos, será preciso encarar efeitos colaterais como a morte de inocentes e policiais. "Olha, a gente vai ter que enfrentar isso. O grande problema é que, por muitos anos, se tratou só o efeito. A sociedade, durante muitos anos, foi anestesiada. Você tem um câncer, que gera dor, e só se dava morfina. Tá com dor? Morfina. A dor passa? Passa, mas o câncer, cura? Não. O câncer cura como? Quimioterapia e radioterapia. Paciente fica bonito? Não, fica feio, cabelo cai, a pele fica estragada, fica opaca. Mas é a chance de melhora." "O que se quer hoje no Rio de Janeiro, e a sociedade tem que entender, é continuar tratando o câncer com paliativo, com analgésico? Agora, isso tem um custo. Ou a gente paga esse preço agora ou a gente perde o controle no futuro. Foco em milícia foi erro do passado, diz Santos Em entrevista ao RJ2 para comentar a série de reportagens sobre o aumento da violência na Grande Jacarepaguá, o secretário disse que o estado errou, "no passado", ao mirar as atuações das forças de segurança nas milícias. Segundo Santos, que não citou de quem foi o erro, a maior facção do Rio se aproveitou disso para se expandir. "O Comando Vermelho cresceu por um erro do passado, porque a segurança pública elegeu um inimigo único no Rio de Janeiro que é a milícia." Agora, segundo ele, o foco das operações é enfraquecer as finanças do tráfico. "Pra gente retirar esse poderio bélico é entender o tipo de negócio e atacar a estrutura financeira. É com dinheiro que eles compram armas, munições, projetos de financiamento político." "Ocupação não tem resultado. Por quê? Porque o estado não tem fôlego. E não tem fôlego por quê? porque a desordem no Rio de Janeiro é a regra." 'ADPF 635 gerou insegurança', diz secretário Santos relaciona ainda o avanço da criminalidade com a ADPF das Favelas, como é conhecida a ADPF 635. Segundo ele, a ação do Supremo Tribunal Federal que cria regras para operações em favelas e foi instituída na pandemia, o policial passou a ter receio durante as operações. "Não é que a ADPF tenha proibido, mas gerou uma insegurança muito grande. O policial tem receio, ele fica com medo de tentar acertar, com a possibilidade de errar. O policial que tá na ponta, que tem que tomar a decisão naquele momento, ele ficou inseguro. E obviamente, naturalmente, houve um freio", destaca. O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quarta-feira (5) para reconhecer um "estado de coisas inconstitucional" na segurança pública do Rio de Janeiro, e para determinar uma série de medidas ao estado.
Em entrevista para série de reportagens sobre a expansão do tráfico na Grande Jacarepaguá, Victor Santos afirmou que o RJ errou ao focar, no passado, em combater só a milícia. Secretário de Segurança fala sobre aumento do tráfico na Grande Jacarepaguá O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, disse ser contra ocupações permanentes em comunidades e defendeu que o estado faça uma rotina de operações para asfixiar, principalmente, a estrutura financeira dos criminosos. Segundo Santos, será preciso encarar efeitos colaterais como a morte de inocentes e policiais. "Olha, a gente vai ter que enfrentar isso. O grande problema é que, por muitos anos, se tratou só o efeito. A sociedade, durante muitos anos, foi anestesiada. Você tem um câncer, que gera dor, e só se dava morfina. Tá com dor? Morfina. A dor passa? Passa, mas o câncer, cura? Não. O câncer cura como? Quimioterapia e radioterapia. Paciente fica bonito? Não, fica feio, cabelo cai, a pele fica estragada, fica opaca. Mas é a chance de melhora." "O que se quer hoje no Rio de Janeiro, e a sociedade tem que entender, é continuar tratando o câncer com paliativo, com analgésico? Agora, isso tem um custo. Ou a gente paga esse preço agora ou a gente perde o controle no futuro. Foco em milícia foi erro do passado, diz Santos Em entrevista ao RJ2 para comentar a série de reportagens sobre o aumento da violência na Grande Jacarepaguá, o secretário disse que o estado errou, "no passado", ao mirar as atuações das forças de segurança nas milícias. Segundo Santos, que não citou de quem foi o erro, a maior facção do Rio se aproveitou disso para se expandir. "O Comando Vermelho cresceu por um erro do passado, porque a segurança pública elegeu um inimigo único no Rio de Janeiro que é a milícia." Agora, segundo ele, o foco das operações é enfraquecer as finanças do tráfico. "Pra gente retirar esse poderio bélico é entender o tipo de negócio e atacar a estrutura financeira. É com dinheiro que eles compram armas, munições, projetos de financiamento político." "Ocupação não tem resultado. Por quê? Porque o estado não tem fôlego. E não tem fôlego por quê? porque a desordem no Rio de Janeiro é a regra." 'ADPF 635 gerou insegurança', diz secretário Santos relaciona ainda o avanço da criminalidade com a ADPF das Favelas, como é conhecida a ADPF 635. Segundo ele, a ação do Supremo Tribunal Federal que cria regras para operações em favelas e foi instituída na pandemia, o policial passou a ter receio durante as operações. "Não é que a ADPF tenha proibido, mas gerou uma insegurança muito grande. O policial tem receio, ele fica com medo de tentar acertar, com a possibilidade de errar. O policial que tá na ponta, que tem que tomar a decisão naquele momento, ele ficou inseguro. E obviamente, naturalmente, houve um freio", destaca. O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quarta-feira (5) para reconhecer um "estado de coisas inconstitucional" na segurança pública do Rio de Janeiro, e para determinar uma série de medidas ao estado.