WEC: Alpine quer mais e melhor em 2025

A Alpine deu a conhecer as tripulações para os dois carros que vão competir na temporada 2025 do WEC. Uma mistura de continuidade e mudança num projeto que começou com o pé esquerdo, mas que deu boas indicações na segunda metade da temporada. Charles Milesi, Ferdinand Habsburg e Paul Loup Chatin no carro #35 e […] The post WEC: Alpine quer mais e melhor em 2025 first appeared on AutoSport.

Fev 5, 2025 - 08:18
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WEC: Alpine quer mais e melhor em 2025

A Alpine deu a conhecer as tripulações para os dois carros que vão competir na temporada 2025 do WEC. Uma mistura de continuidade e mudança num projeto que começou com o pé esquerdo, mas que deu boas indicações na segunda metade da temporada.

Charles Milesi, Ferdinand Habsburg e Paul Loup Chatin no carro #35 e Mick Schumacher, Jules Gounon e Fred Makowiecki no carro #36 são os pilotos escolhidos para a temporada que irá começar no Catar, no final de fevereiro.

O carro #35 mantém os pilotos do ano passado, enquanto o carro #36 apresenta um alinhamento novo, apenas com Mick Schumacher a manter-se do ano passado. Jules Gounon já correu no carro #35 devido à lesão de Habsburg e no carro #36, quando Nicolas Lapierre deixou o volante para se tornar diretor de equipa. Já Makowiecki chega da Porsche para a reta final da sua carreira, numa adição de peso da Alpine, dada a experiência do francês, que foi responsável pelo desenvolvimento do Porsche 963.

A Alpine encara esta segunda temporada com mais otimismo, numa história que já leva vários capítulos, alguns deles escritos ainda antes do LMDh A424 ter feito os primeiros metros em pista.

Uma história de determinação que passou por Portugal

Corria o ano de 2021 e, a convite da Renault Portugal, o AutoSport esteve à conversa com Christophe Deville, em Portimão (palco da segunda jornada do WEC 2021), então responsável de comunicação da Alpine. Na altura, a marca francesa alinhava com o Alpine A480-Gibson, um LMP1 não híbrido, feito para a Rebellion (Rebellion R13) e que depois foi aproveitado pela Alpine, Contudo, as esperanças de vencer eram ténues.

Depois do sucesso vivido nos LMP2, a parceria Alpine / Signatech tentava dar um passo importante: convencer as chefias da Alpine que valia a pena investir num LMH ou num LMDh numa fase em que o WEC iniciava uma nova era. O  A480-Gibson não era uma máquina que permitia sonhar com triunfos ou títulos, pois o poderio da Toyota era incomparavelmente maior, mas o objetivo da equipa era provar que o projeto era viável e que a exposição da marca na categoria maior do endurance compensava. 3 anos e meio depois a Alpine esteve em Monza para preparar a segunda temporada na categoria Hypercar.

Photo Antonin Vincent / DPPI

Projeto LMP1 foi fundamental

O projeto LMP1 rendeu apenas duas vitórias (Sebring e Monza), numa altura em que o pódio era praticamente garantido. Toyota e Glickenhaus eram os adversários em 2021 e em 2022 entrou a Peugeot, mas com um projeto que começou mal. No entanto, o maior triunfo do projeto LMP1 foi a luz verde dada pelos responsáveis da marca a Phillipe Sinault e a sua Signatech para preparar tudo para receber o Alpine A424.

O A424 é um hypercar híbrido desenvolvido para competir no WEC e nas 24 Horas de Le Mans a partir de 2024, marcando o regresso da Alpine à categoria máxima do endurance, desde a sua vitória em 1978. O protótipo conta com estrutura em carbono, motor V6 turbo da Mecachrome de 3.400 cc, potência de até 675 CV e sistema híbrido Bosch.  

Esta é uma colaboração entre Alpine Racing, Signatech, Oreca (chassis) e Mecachrome (motor), com design exclusivo. O A424 passou por testes em circuitos europeus como Paul Ricard, Jerez, Barcelona e Portimão, além de uma simulação de 30 horas em Aragão. Foram mais de 28 mil quilómetros percorridos na preparação de uma nova era. Nicolas Lapierre foi o piloto responsável pelo desenvolvimento do protótipo.

Arranque atribulado da era LMDH

Com dois carros em pista, a Alpine apresentou Charles Milesi, Ferdinand Habsburg, Paul Loup Chatin, Nicolas Lapierre, Mick Schumacher e Matthieu Vaxivière como pilotos para a nova temporada. Os alinhamentos foram mudando ao longo da temporada, motivados pela lesão de Habsburg, que fraturou duas vértebras num teste em Aragão, com Jules Gounon a assumir o seu lugar. O mesmo Gounon voltaria aos comandos do A424 no final da temporada, quando Lapierre anunciou a sua reforma, assumindo o papel de diretor da equipa. 

A Alpine tem como principal objetivo vencer Le Mans e o Campeonato Mundial de Endurance, mas Philippe Sinault reconheceu, numa conversa em Portimão com o AutoSport, também proporcionada pela Renault Portugal em 2024, que o projeto ainda estava em fase inicial. As primeiras corridas seriam focadas na aprendizagem e na fiabilidade, sem grande preocupação com os resultados iniciais.  

Foto: Julien DELFOSSE / DPPI

A postura cautelosa não escondia o desejo secreto de estarem competitivos em Le Mans, aproveitando um possível BoP favorável. Sinault destacava que, embora a Alpine tivesse ambição de vencer, precisava de tempo para se equiparar às rivais mais experientes. A experiência de Sinault e as suas cautelas revelaram-se acertadas. 

Primeiras corridas longe dos objetivos

As primeiras corridas da Alpine foram duras, ainda distante do ritmo dos primeiros colocados e com Le Mans a dar a maior desilusão de 2024, com uma dupla desistência, na prova onde a equipa depositava mais esperança.

A mítica prova francesa revelou um dos pontos fracos do carro. A Alpine optou por um motor 3.4L V6 Turbo para o seu LMDh, sendo o segundo menor da categoria e o único com um único turbo. Baseado no motor da F2 fornecido pela Mecachrome, foi totalmente revisto em Viry-Châtillon para atender às exigências do endurance. 

Um motor diferente que exigiu trabalho extra

A escolha baseou-se na eficiência dentro do BoP, oferecendo vantagens aerodinâmicas, como melhor arrefecimento devido à posição central do turbo. O maior desafio foi adaptar o motor de corridas sprint para resistência, exigindo modificações internas e novos mapas.  

A adaptação não deu os frutos desejados inicialmente e foi necessária uma atualização. Foi na  Lone Star Le Mans, em Austin, que a Alpine sentiu os efeitos dessa atualização, alcançando o seu primeiro top 5 no WEC com o A424 LMDh.  O sucesso foi atribuído às atualizações do motor, melhorias na gestão dos pneus e na consistência da travagem. 

O melhor momento do ano chegou em Fuji, com um pódio do carro #36 (Schumacher, Lapierre e Vaxivière) um prémio para o esforço e dedicação da equipa. Foi também a última corrida de Lapierre que se despediu das corridas com um saboroso terceiro lugar.

A Alpine acabou a temporada em quarto lugar e mostrou potencial para se imiscuir nas lutas pelos primeiros lugares em 2025.

Photo Joao Filipe / DPPI

Objetivos para 2025

Nicolas Lapierre, agora diretor da equipa, apontou como objetivo fazer melhor do que em 2024. Sem nunca apontar um objetivo definido, o ex-piloto aponta a objetivos mais altos do que em na época transata. E se no ano passado já conseguiram um pódio e terminaram no quarto lugar, a vontade passa por chegar ao top3:

“No ano passado, a segunda parte da época foi bastante boa para nós” disse Lapierre numa conferência de imprensa onde o AutoSport esteve presente. “Conseguir um pódio e terminar em quarto lugar no campeonato era definitivamente o objetivo. Para este ano, o objetivo é ser melhor. É claro que vamos tentar melhorar. Mas também sabemos que o campeonato é extremamente competitivo e vai tornar-se ainda mais competitivo. Por isso, temos de nos manter humildes, mas é óbvio que queremos mais”.

“Vimos que toda a gente teve dificuldades no primeiro ano em que usaram LMDh. Também foi o nosso caso na primeira parte da época, mas conseguimos reagir muito rapidamente e tivemos uma segunda parte do ano muito boa. Esperamos mais este ano, claramente. E sim, queremos definitivamente dar este passo. Não queremos dar um objetivo específico porque sabemos que este campeonato é competitivo e difícil. Este ano vai ser ainda mais difícil. Mas é óbvio que queremos dar um passo em frente”.

Photo Joao Filipe / DPPI

Sinault quer mais e melhor, sem esquecer a humildade

Já Philippe Sinault, responsável pela Signatech e o homem do leme deste projeto, adotou o mesmo diapasão de Lapierre:

“Em primeiro lugar, temos de terminar todas as corridas. Em segundo lugar, temos de ser humildes, tendo em conta o nível dos nossos concorrentes. Mas se tivermos alguma oportunidade de fazer melhor do que no ano passado, fá-lo-emos. Por isso, não quero definir o objetivo exato neste momento. Seria um erro dizer que terminamos em quarto lugar, como classificação do ano passado, temos de fazer melhor. Com certeza, todas as manhãs acordaremos para isso, mas, antes de mais, confiança, humildade e aproveitar todas as oportunidades que nos forem dadas”.

A Alpine entra em 2025 com um projeto mais consolidado, pilotos mais experientes e um carro que já tem uma temporada em pista. Com essa experiência, a busca por soluções de afinação pode ser mais simples, os desafios de cada pista já são conhecidos e já há trabalho para resolver os pontos fracos (gestão de pneus, gestão operacional e fiabilidade). 2025 pode ser o ano em que a Alpine tentar morder os calcanhares às equipas que assumiram os primeiros lugares em 2024 e que são vistas como favoritas. O potencial revelado nas últimas corridas de 2024 mostrou que há muito mais para vir da estrutura francesa.

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