De guarda-redes de futebol e andebol a candidato a Belém
O conselheiro de Estado, comentador político e antigo líder do PSD é um homem habituado ao poder. Aos 28 anos já era membro do Governo de Cavaco Silva e nunca deixou de estar sob os holofotes. Antigo jogador de futebol e andebol pede fair play na campanha presidencial.
O antigo líder do PSD escolheu Fafe, onde cresceu, para fazer o anúncio oficial da candidatura à presidência da República. O apelido da família faz parte da história do concelho, já que o pai, António Marques Mendes, foi presidente da Câmara e fundador do PPD (e tem uma rua no centro da cidade com o seu nome). O filho Luís seguiu os passos e, em 1975, com 18 anos, tornou-se adjunto do governador civil de Braga, Eurico de Melo. Era o início de uma longa carreira política em que foi deputado, líder de bancada, secretário de Estado, ministro, porta-voz do Governo, membro de várias comissões políticas, presidente do PSD e conselheiro de Estado.
“Tomei esta decisão porque acho, depois da reflexão que fiz, depois de ouvir muita gente, que podia ser útil ao país. Foi sempre o critério que coloquei. E sobretudo há duas ou três preocupações que eu tenho: ambição, estabilidade e ética”, declarou Luís Marques Mendes, na SIC, sobre a decisão de se candidatar a Presidente da República.
O candidato a Belém, de 67 anos, deixou Fafe aos 28 anos para ser Secretário de Estado a convite de Cavaco Silva, uma mudança que considera radical, pois deixou de viver no Norte para viver em Lisboa e trocou a advocacia para fazer política a tempo inteiro. Teve a tutela da comunicação social entre 1985 e 1987, quando foi constituída a Agência Lusa, e era ministro Adjunto quando foi criada a RTP Internacional, tendo sido um dos mentores da privatização das televisões (SIC e TVI).
Luís Marques Mendes, licenciado na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, foi uma das cinco pessoas que estiveram do primeiro ao último dia com Cavaco Silva no Governo. Em várias entrevistas admitiu, com alguma mágoa, que não viu os dois filhos mais velhos crescer, pois trabalhava 12 a 14 horas por dia e muitas vezes sem fins-de-semana.
Foi eleito Presidente do PSD no XXVII Congresso realizado em Pombal, em abril de 2005. No discurso aos militantes, apelou à união e a uma maior abertura do partido às bases. A 5 de maio de 2006 têm lugar as primeiras eleições diretas para a presidência do partido. Marques Mendes candidatou-se com o lema “Credibilidade para vencer” e renova a liderança ao recolher 91% dos votos. Durante a sua liderança fez aprovar uma revisão estatutária no partido que instituiu a eleição direta do presidente por todos os militantes, que substituiu o método de eleição pelos delegados em Congresso.
É sucedido em 2007 por Luís Filipe Menezes, no XXX Congresso Nacional do PSD, realizado em Torres Vedras. No plano governativo, foi também membro de quatro governos constitucionais onde desempenhou diversas funções de Secretário de Estado e de Ministro, ao longo de treze anos. No plano parlamentar, foi Presidente da Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades Portuguesas onde adquiriu particular experiência na relação com os países africanos de língua oficial portuguesa.
Já depois de abandonar a vida política, e antes de integrar a Abreu Advogados, foi administrador em várias empresas ligadas ao setor da energia. É, ainda, autor de vários livros e foi agraciado, pelo antigo presidente, Cavaco Silva, com a Grã Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Adepto de desporto, foi guarda-redes de futebol (Associação Desportiva de Fafe) e andebol (Liceu de Guimarães), a nível federado, até ao escalão júnior. Depois fez body board, ténis e, agora, ginásio.
Nos últimos dois anos, Marques Mendes marcou presença mais regular em iniciativas do PSD durante a presidência de Luís Montenegro, como a Festa do Pontal. E foi no verão de 2023 que admitiu publicamente, pela primeira vez, que poderia ser candidato a Presidente da República, se tal fosse “útil ao país”. Casado e com três filhos, Luís Marques Mendes já afirmou por diversas vezes que a lealdade, seriedade e solidariedade são as qualidade que mais aprecia. “Um bem cada vez mais raro e precioso”, escreveu.