Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas: conheça histórias de estudantes do PI que buscam proteger as raízes através da universidade

Celebrado no dia 7 de fevereiro, o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas foi instituído em 2008 para relembrar a morte do líder guarani Sepé Tiaraju, durante um embate contra colonizadores europeus. Hayra Guajajara e Sávio Santos Tabajara Arquivo pessoal Na Universidade Federal do Piauí (UFPI), dois estudantes indígenas ingressaram no ensino superior com um objetivo em comum: lutar para proteger suas raízes através do ensino acadêmico. Hayra Guajajara e Sávio Santos Tabajara estão em fases diferentes nos estudos, mas contaram ao g1 suas metas. Celebrado no dia 7 de fevereiro, o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas foi instituído em 2008 para relembrar a morte do líder guarani Sepé Tiaraju, durante um embate contra colonizadores espanhóis e portugueses na região das Missões, que abrangia o sul do Brasil, o leste do Paraguai, o norte da Argentina e do Uruguai. ✅ Siga o canal do g1 Piauí no WhatsApp 'Continuar seguindo as origens' Ywyra Hayra Guajajara Sthefany Prado / g1 A estudante Ywyra Hayra Guajajara, de 18 anos, foi aprovada em direito na Universidade Federal do Piauí (UFPI), no Sisu 2025. A jovem contou que a escolha do curso veio do desejo de incentivar os estudos da própria etnia Guajajara e da necessidade de advogados indígenas. "Quero defender os meus parentes que vem aqui precisando de ajuda, ou que eu possa ir até eles também.", disse a estudante. Ywyra Hayra contou que quer estudar o Direito para ajudar na luta pelo respeito e pelos direitos dos povos indígenas, e para trabalhar pela demarcação de novas terras e na proteção das populações. "Para eles verem também que podem estar em todos os lugares. Tanto na universidade, como em outros lugares. Defender esse processo na parte da demarcação de terras e nas aldeias que estão com algumas falhas na educação e saúde" Hayra mora na Aldeia Ukair, localizada no bairro de Fátima, na Zona Leste de Teresina. Sua família tem origens no Maranhão, mas criou raízes em Teresina com o desenvolvimento da comunidade, em 1970. Leia também: entenda por que 'dia do índio' é considerado pejorativo "Eu nasci lá, fui criada lá e sempre com a cultura o tempo todo. Reforçando os traços e a língua também. Meu avô sempre reforçava na nossa família que a gente tinha que continuar seguindo as origens. Sempre conseguia manter aquela ligação com a aldeia. Nós sempre vamos pra lá quando tem rituais e festas.", explicou Hayra. Compartilhe esta notícia no WhatsApp Compartilhe esta notícia no Telegram A estudante destacou que entra agora no grupo de integrantes do grupo Guajajara e da família que ingressaram no ensino superior, todos oriundos do ensino público. A jovem cursou o ensino médio na primeira escola Indígena de Tempo Integral do Piauí, o Ceti Oka ka Inaminanoko. Ela pretende ainda cursar medicina. "Precisamos ocupar espaços por todos nós", Sávio Santos Tabajara Arquivo pessoal Sávio Santos Tabajara é da Aldeia Oiticica, localizada no município de Piripiri, a 166 km de Teresina, e aluno do mestrado em antropologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Atualmente, está em um intercâmbio na Bolívia, que deve seguir até março de 2025. Para ele, é fundamental que indígenas estejam no âmbito acadêmico para que a história, vivências e costumes não sejam distorcidos e apagados por outras pessoas. "Em todas as áreas de formação, precisamos de indígenas lá. No espaço acadêmico, nós indígenas precisamos estar para falar por nós", comentou Sávio. Segundo o antropólogo, ao longo dos séculos, a mensagem que tem sido levada dos indígenas ao longo foi escrita por pessoas não indígenas, por brancos. Assim, as visões dessas pessoas sobre os modos, cultura e espiritualidade dos povos indígenas são distorcidas. Para Sávio, grande parte do preconceito que existe no Brasil contra indígenas vem destas distorções. "Um indígena ocupar um espaço acadêmico é justamente mostrar outras narrativas e outros pontos de vista. Além disso, é importante um indígena na academia para formular outras teorias a partir das vivências reais", contou Sávio. Dia Nacional da Luta dos Povos Indígenas

Fev 7, 2025 - 16:25
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Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas: conheça histórias de estudantes do PI que buscam proteger as raízes através da universidade

Celebrado no dia 7 de fevereiro, o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas foi instituído em 2008 para relembrar a morte do líder guarani Sepé Tiaraju, durante um embate contra colonizadores europeus. Hayra Guajajara e Sávio Santos Tabajara Arquivo pessoal Na Universidade Federal do Piauí (UFPI), dois estudantes indígenas ingressaram no ensino superior com um objetivo em comum: lutar para proteger suas raízes através do ensino acadêmico. Hayra Guajajara e Sávio Santos Tabajara estão em fases diferentes nos estudos, mas contaram ao g1 suas metas. Celebrado no dia 7 de fevereiro, o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas foi instituído em 2008 para relembrar a morte do líder guarani Sepé Tiaraju, durante um embate contra colonizadores espanhóis e portugueses na região das Missões, que abrangia o sul do Brasil, o leste do Paraguai, o norte da Argentina e do Uruguai. ✅ Siga o canal do g1 Piauí no WhatsApp 'Continuar seguindo as origens' Ywyra Hayra Guajajara Sthefany Prado / g1 A estudante Ywyra Hayra Guajajara, de 18 anos, foi aprovada em direito na Universidade Federal do Piauí (UFPI), no Sisu 2025. A jovem contou que a escolha do curso veio do desejo de incentivar os estudos da própria etnia Guajajara e da necessidade de advogados indígenas. "Quero defender os meus parentes que vem aqui precisando de ajuda, ou que eu possa ir até eles também.", disse a estudante. Ywyra Hayra contou que quer estudar o Direito para ajudar na luta pelo respeito e pelos direitos dos povos indígenas, e para trabalhar pela demarcação de novas terras e na proteção das populações. "Para eles verem também que podem estar em todos os lugares. Tanto na universidade, como em outros lugares. Defender esse processo na parte da demarcação de terras e nas aldeias que estão com algumas falhas na educação e saúde" Hayra mora na Aldeia Ukair, localizada no bairro de Fátima, na Zona Leste de Teresina. Sua família tem origens no Maranhão, mas criou raízes em Teresina com o desenvolvimento da comunidade, em 1970. Leia também: entenda por que 'dia do índio' é considerado pejorativo "Eu nasci lá, fui criada lá e sempre com a cultura o tempo todo. Reforçando os traços e a língua também. Meu avô sempre reforçava na nossa família que a gente tinha que continuar seguindo as origens. Sempre conseguia manter aquela ligação com a aldeia. Nós sempre vamos pra lá quando tem rituais e festas.", explicou Hayra. Compartilhe esta notícia no WhatsApp Compartilhe esta notícia no Telegram A estudante destacou que entra agora no grupo de integrantes do grupo Guajajara e da família que ingressaram no ensino superior, todos oriundos do ensino público. A jovem cursou o ensino médio na primeira escola Indígena de Tempo Integral do Piauí, o Ceti Oka ka Inaminanoko. Ela pretende ainda cursar medicina. "Precisamos ocupar espaços por todos nós", Sávio Santos Tabajara Arquivo pessoal Sávio Santos Tabajara é da Aldeia Oiticica, localizada no município de Piripiri, a 166 km de Teresina, e aluno do mestrado em antropologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Atualmente, está em um intercâmbio na Bolívia, que deve seguir até março de 2025. Para ele, é fundamental que indígenas estejam no âmbito acadêmico para que a história, vivências e costumes não sejam distorcidos e apagados por outras pessoas. "Em todas as áreas de formação, precisamos de indígenas lá. No espaço acadêmico, nós indígenas precisamos estar para falar por nós", comentou Sávio. Segundo o antropólogo, ao longo dos séculos, a mensagem que tem sido levada dos indígenas ao longo foi escrita por pessoas não indígenas, por brancos. Assim, as visões dessas pessoas sobre os modos, cultura e espiritualidade dos povos indígenas são distorcidas. Para Sávio, grande parte do preconceito que existe no Brasil contra indígenas vem destas distorções. "Um indígena ocupar um espaço acadêmico é justamente mostrar outras narrativas e outros pontos de vista. Além disso, é importante um indígena na academia para formular outras teorias a partir das vivências reais", contou Sávio. Dia Nacional da Luta dos Povos Indígenas