Vereador invade sala de emergência de hospital para lacrar nas redes, causa confusão e paciente morre

Escola Gabriel Monteiro de politicagem: Vereador invadiu “Sala Vermelha” de UBS enquanto paciente em estado grave recebia atendimento. A chegada do parlamentar causou alvoroço, desestabilizou os profissionais de saúde e o paciente acabou morrendo. Após o incidente trágico, o vereador justificou que estava apenas exercendo o seu “direito de fiscalizar os médicos”. Ele ainda afirmou que não agrediu ninguém fisicamente: “Verbalmente, sim” O post Vereador invade sala de emergência de hospital para lacrar nas redes, causa confusão e paciente morre apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Fev 7, 2025 - 16:18
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Vereador invade sala de emergência de hospital para lacrar nas redes, causa confusão e paciente morre
vereador invade Wladimir Canuto
Wladimir Canuto

via O Tempo

Em Felício dos Santos, município de cerca de 5 mil habitantes na região Central de Minas Gerais, um vereador entrou na “Sala Vermelha” da Unidade Básica de Saúde (UBS) na segunda-feira (3), enquanto um paciente em estado grave recebia atendimento. O paciente morreu após a entrada do parlamentar, que alegou estar fiscalizando os médicos após reclamações sobre a demora no atendimento. Tanto o vereador quanto a prefeitura se manifestaram sobre o caso, que mobilizou a cidade e gerou milhares de reações nas redes sociais.

O vereador é Wladimir Canuto, do Avante, que ocupa uma cadeira na Câmara Municipal desde 2017. A prefeitura publicou uma nota (confira na íntegra abaixo) na terça-feira (4 de fevereiro) repudiando as atitudes do parlamentar na UBS. Para a administração municipal, Canuto, de maneira “vil”, “ardilosa”, “abrupta” e “injustificada”, invadiu a Sala Vermelha da unidade, “propagando agressões verbais contra servidores públicos e agredindo fisicamente uma servidora pública no exercício de sua função”.

Em vídeo publicado em sua conta no Instagram, o vereador negou qualquer agressão física, mas confirmou que agrediu servidores verbalmente: “Não tem ninguém que prove que eu agredi alguém fisicamente lá. Verbalmente, sim. Eu falei muita coisa que eles precisavam ouvir”, afirmou na gravação.

O vereador se justifica afirmando que foi à UBS na segunda-feira (3), por volta das 16h30, a pedido de um cidadão que o convidou para verificar a demora no atendimento naquela tarde. “Quando eu cheguei lá, eu me deparei com pessoas que estavam lá desde às 14h, aguardando atendimento e nada de atendimento. Dentre essas pessoas, tinha uma senhora que estava chorando de dor na coluna, desde às 14h, e não conseguia um atendimento, não conseguia nada”, relatou.

Ao questionar a recepcionista, o vereador disse ter recebido a resposta de que os médicos estavam ocupados com emergências. “Eu falei: ‘Todos os dois com emergência? E o povo que está sentindo dor aqui fora vai continuar sentindo dor aqui fora?’”.

Segundo seu relato, após o questionamento, ele decidiu seguir a profissional para dentro da unidade. A funcionária disse que ele não poderia seguir adiante, ao que ele respondeu: “Eu sou fiscal do município”. “O salário que todos os funcionários da prefeitura recebem, eu fiscalizo. Eu tenho que ver se eles estão trabalhando de acordo e são merecedores do salário que recebem”, argumentou Wladimir no vídeo.

Em seguida, conforme o vereador, ele abriu uma das salas. “Sabe a cena que eu me deparei? O médico sentado na cadeira dele, com o celular na mão, mexendo o celular”, relatou.

Sala Vermelha

Na sequência, o vereador disse que abriu a porta de outra sala, mesmo sob a advertência da funcionária: “Eu tenho que entrar, eu tenho que ver o que que tá acontecendo”. Eu simplesmente abri a porta, eu não entrei. Aí eu vi que tinha muita gente lá dentro. Eu só perguntei: ‘Tem médico aqui nessa sala’? E a médica só falou: “Sim, eu sou a médica’. ‘Obrigado’, fechei a porta e saí”, narrou.

Na nota, a prefeitura diz que “a invasão abrupta e injustificada à ‘Sala Vermelha’, em momento delicado de atendimento a paciente sob o risco de morte, transcende o exercício da vereança e se revela vil e ardiloso, não fazendo jus ao mínimo de humanidade e empatia que se espera de um ser humano, nem se revela como ação fiscalizadora de vereador em exercício de sua função”.

“A ação desencadeou tumultos diversos na instituição, desestabilização psicológica de toda uma equipe, que mesmo o paciente vindo a óbito, não foi o suficiente para o vereador ter empatia, causando revolta dos familiares e usuários pacientes presentes na UBS”, continua a nota.

A administração informou que tomará “todas as providências cabíveis, sejam elas administrativas e judiciais, para a devida responsabilização dos fatos cometidos” e classificou as atitudes do vereador como “criminosas”.

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