Viagens a Marte podem prejudicar a visão dos astronautas
Pesquisa aponta que 70% dos astronautas que passaram de seis a 12 meses na estação espacial tiveram alterações visuais significativas O post Viagens a Marte podem prejudicar a visão dos astronautas apareceu primeiro em Olhar Digital.
Missões espaciais prolongadas, como as planejadas para Marte, podem trazer desafios para a saúde dos astronautas. Um estudo recente publicado no Journal of Engineering in Medicine and Biology, por exemplo, revelou que cerca de 70% das pessoas que passaram entre seis meses e um ano na Estação Espacial Internacional (ISS) apresentaram mudanças significativas na visão.
Conhecido como síndrome neuroocular associada a voos espaciais (SANS), o problema resulta do deslocamento de fluidos corporais na microgravidade, pressionando o nervo óptico e alterando a forma dos olhos.
A condição foi identificada pela NASA em 2011, após relatos de distorções visuais durante e após missões espaciais. Os sintomas incluem inchaço do nervo óptico, achatamento do fundo do olho e dificuldades no foco visual.
Embora muitas dessas alterações sejam reversíveis ao retornar à Terra, os efeitos de longas permanências no espaço ainda não são totalmente compreendidos. Isso representa um desafio para missões de exploração profunda, que exigem soluções preventivas para evitar danos permanentes à visão.
O impacto da microgravidade nos olhos dos astronautas
A principal hipótese para a SANS envolve o deslocamento dos fluidos corporais na ausência de gravidade. Na Terra, a gravidade mantém esses fluidos distribuídos de forma equilibrada no corpo, mas no espaço, eles tendem a se acumular na parte superior do corpo e na cabeça, aumentando a pressão nos olhos e no cérebro. Isso pode levar a mudanças na estrutura ocular, comprometendo a visão.
Um dos primeiros registros da síndrome foi observado em cosmonautas russos que participaram de missões na antiga estação espacial Mir. Desde então, pesquisadores vêm estudando seus efeitos e possíveis formas de mitigação.
No estudo mais recente, uma equipe liderada por Santiago Costantino, da Université de Montréal, analisou dados de 13 astronautas que passaram cerca de seis meses na ISS. O grupo, com média de idade de 48 anos, incluía homens e mulheres dos EUA, Europa, Japão e Canadá. Os cientistas mediram três aspectos fundamentais antes e depois da missão: rigidez ocular, pressão intraocular e variação da pressão ocular a cada batimento cardíaco.
Os resultados indicaram uma queda de 33% na rigidez ocular, uma redução de 11% na pressão intraocular e uma diminuição de 25% na variação da pressão ocular. Além disso, cinco astronautas apresentaram espessamento significativo na coroide, a camada vascular do olho.
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Buscando soluções para futuras missões a Marte
O estudo reforça a urgência de desenvolver contramedidas para a SANS. Entre as abordagens investigadas estão intervenções farmacêuticas, ajustes na dieta dos astronautas e o uso de dispositivos que simulam pressão gravitacional na parte inferior do corpo, ajudando a redistribuir os fluidos.
“Ao compreender melhor as alterações biomecânicas nos olhos, podemos identificar astronautas com maior risco de desenvolver problemas oculares e criar estratégias para protegê-los”, explicou Costantino em um comunicado.
Com o avanço das pesquisas, as agências espaciais esperam encontrar soluções que garantam a segurança dos astronautas em missões de longa duração, como as de Marte, permitindo que explorações além da órbita terrestre sejam viáveis sem comprometer a saúde visual da tripulação.
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