Cientistas usaram um computador para prever exatamente quando a sociedade entrará em colapso

Imagine descobrir que, segundo cálculos de pesquisadores, a sociedade como conhecemos pode entrar em colapso em menos de duas décadas. Essa é a previsão alarmante que surgiu de um estudo pioneiro do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) em 1972 — e, décadas depois, novos dados e tecnologias continuam a apontar para o mesmo cenário.

Tudo começou quando uma equipe do MIT usou um dos primeiros modelos computacionais para analisar padrões globais. Eles inseriram dados sobre população, uso de recursos naturais, produção industrial e consumo de energia em um sistema que simulava o futuro da humanidade. O resultado? O estudo, publicado pelo Clube de Roma sob o título “Limites do Crescimento”, indicou que, se mantivéssemos o ritmo atual de exploração do planeta, a sociedade enfrentaria um declínio drástico por volta de 2040.

Um grupo de cientistas tentou estabelecer exatamente quando a sociedade entrará em colapso

Na época, o relatório gerou ceticismo e até piadas. Muitos consideraram a ideia de prever o fim da civilização com computadores ultrapassados como algo exagerado. Mas, em 2009, pesquisadores da American Scientist decidiram reavaliar o modelo original usando dados atualizados. Para surpresa de alguns, as projeções continuavam precisas: fatores como esgotamento de recursos e poluição seguiam caminhos semelhantes aos previstos quase 40 anos antes.

A confirmação mais recente veio em 2021, quando Gaya Herrington, pesquisadora de sustentabilidade da Holanda, comparou as previsões de 1972 com dados do século XXI. Seu estudo mostrou que, no pior cenário, o crescimento econômico global começaria a estagnar no final desta década, seguido por um colapso social por volta de 2040. O motivo? A combinação de superpopulação, escassez de alimentos, desequilíbrios ambientais e pressão sobre os sistemas econômicos.

Mas como exatamente a tecnologia do passado conseguiu prever um futuro tão distante? Os modelos do MIT não eram simples suposições. Eles calculavam como a demanda por recursos naturais ultrapassaria a capacidade da Terra de se regenerar. Por exemplo: se continuarmos desmatando florestas no ritmo atual, em algum momento não haverá árvores suficientes para absorver o excesso de CO₂ na atmosfera. Isso afetaria a produção de alimentos, a qualidade do ar e, consequentemente, a saúde pública.

Apesar do cenário preocupante, Herrington destacou um ponto crucial: o futuro não está totalmente definido. Segundo ela, ainda há tempo para mudar de rumo. Inovações tecnológicas, políticas governamentais mais rigorosas e mudanças nos padrões de consumo podem nos alinhar a um cenário de desenvolvimento sustentável. Empresas que investem em energia renovável, governos que protegem áreas verdes e comunidades que adotam economias circulares são exemplos de como a trajetória pode ser alterada.

A equipe do MIT usou modelagem computacional

Vale lembrar que as projeções não são uma sentença inevitável, mas um alerta baseado em tendências. Se o modelo de 1972 acertou em cheio nas últimas décadas, é porque os padrões de consumo e degradação ambiental pouco mudaram. No entanto, a mesma tecnologia que previu o risco também pode ajudar a evitá-lo. Sensores que monitoram desmatamento, algoritmos que otimizam o uso de energia e até inteligência artificial aplicada à agricultura sustentável são ferramentas que já estão em ação.

Enquanto isso, a data de 2040 permanece como um marco simbólico. Para alguns, é um sinal de que precisamos acelerar transformações urgentes. Para outros, um convite a repensar como equilibrar progresso e preservação. Seja qual for a perspectiva, uma coisa é certa: as escolhas que fizermos nesta década definirão se a previsão dos cientistas se tornará realidade — ou se a humanidade encontrará um caminho mais resiliente.

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