Nyron Higor destrincha novo álbum produzido por Bruno Berle e Batata Boy
No recém-chegado disco homônimo, o músico alagoano Nyron Higor mostra, antes de tudo, a capacidade criativa que possui como compositor, produtor e intérprete. Nesse sentido, o álbum, lançado mundialmente pelo selo inglês Far Out Recordings, contém dez faixas, sete das quais foram erguidas pelo artista em seu home studio em Macéio, explorando diversos instrumentos, técnicas […] The post Nyron Higor destrincha novo álbum produzido por Bruno Berle e Batata Boy appeared first on NOIZE | Música do site à revista.
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No recém-chegado disco homônimo, o músico alagoano Nyron Higor mostra, antes de tudo, a capacidade criativa que possui como compositor, produtor e intérprete. Nesse sentido, o álbum, lançado mundialmente pelo selo inglês Far Out Recordings, contém dez faixas, sete das quais foram erguidas pelo artista em seu home studio em Macéio, explorando diversos instrumentos, técnicas de captação e tratamentos de áudio.
Posteriormente, já em São Paulo, Nyron contou com a produção de seus colegas de longa data, Bruno Berle e Batata Boy, para dar um formato final à obra. Assim, outros nomes também entraram no processo: três composições de João Menezes (uma delas em parceria com Paulo Novaes) foram adicionadas ao repertório, levantadas por Rubens Adati e Victor Anjos. Além disso, Nathalia Grilo criou o poema recitado em “Maravilhamento”, Alice Sol compôs e cantou (ao lado de Bruno e Batata) em “São Só Palavras” e Johanna trouxe sua voz para “Estou Pensando em Você” e “Me Vestir de Você”.
Nyron Higor é, portanto, um álbum em trânsito, ou, como seu criador gosta de dizer, um “diário de registros”. Neste sentido, é incorporada com naturalidade à linguagem da obra uma série de elementos às vezes vistos como distantes. Ao mesmo tempo em que traz ao trabalho, por exemplo, elementos harmônicos do jazz (gênero importante para sua formação instrumental), Nyron também absorve o hip hop, não apenas ao fazer beats, mas em sua concepção enquanto produtor. Além disso, simultaneamente flerta com gêneros da música global e evidencia raízes locais fortes, trazendo instrumentos e ritmos da cultura popular nordestina.
Há ainda, por exemplo, o contraste proporcionado pelos temas instrumentais de alto vigor e precisão técnica, muitas vezes insinuando arranjos orquestrados, e as canções extremamente líricas, simples e interpretadas com suavidade, dialogando com a tradição da música brasileira. Um álbum, em suma, de diversas faces, que nasce do ímpeto criativo de seu autor — inicialmente com poucos recursos de ponta disponíveis — e atinge um nível de excelência raro.
Conversamos com Nyron Higor sobre o processo de produção de seu novo trabalho. Abaixo, confira o artista comentando cada música do disco.
Faixa a faixa Nyron Higor
1. “Ciranda”: Essa faixa foi toda pensada no violão de nylon, da estrutura até o arranjo. Desde o início, imaginei um instrumento de sopro e dessa forma acabei escolhendo o trombone. Logo depois de finalizar a música no violão, fui ao home studio e comecei a gravar a bateria, já com a ideia de um frevo ou uma ciranda. Então, escolhi o melhor trecho, desacelerei um pouco o áudio e fiz overdubs. Em seguida, gravei baixo, violões, teclados, sintetizadores, piano elétrico, ganzá, caxixi e pife. Por fim, chamei um músico da minha cidade, Tico Lima, para gravar os trombones, que deram o toque final à faixa que abre o disco.
2. “Louro Cantador”: Essa surgiu de um registro casual. Sempre capto os meus estudos, então, nesse dia, eu estava tocando uma bateria de samba e gravei. Fiz uma sessão de nove minutos, escolhi o melhor trecho e comecei a adicionar camadas: violões, teclados, guitarra, percussão e baixo. Além disso, captei o assobio do louro Rafael, um papagaio da minha avó que costuma imitar os assobios da família. Peguei esses registros e coloquei na música.
3. “Demo Love”: Comecei essa faixa explorando harmonias no teclado. Gravei a base e, em seguida, adicionei bateria e bass synth. Então, deixei tudo em loop e fui experimentando melodias até encontrar um caminho de solo. Foi o que ficou registrado na gravação final.
4. “São Só Palavras”: A gravação começou em Maceió, com uma sessão de bateria. Escolhi um trecho e passei a construir a faixa: teclado na introdução, mais teclados, sintetizadores, assobios e violões. Depois, enviei para Bruno e Batata, que compuseram a letra junto com Alice no Estúdio Rural. Lá, eles gravaram as vozes, e Bruno finalizou os baixos no Sound Department.
5. “Estou Pensando em Você”: Essa faixa foi toda produzida por Rubens Adati no Inhame Studio, onde ele gravou pianos, violões e programações, junto com Stefan Costille no contrabaixo. Quando cheguei em São Paulo, Bruno me mostrou a canção que João Menezes tinha composto sobre essa base e me convidou para interpretá-la. Aceitei na hora e depois fomos ao estúdio. Batata Boy fez edições de voz e, durante a gravação, Johanna estava presente. Bruno sugeriu que ela cantasse comigo, e assim nasceu esse feat especial.
6. “Maravilhamento”: Produzi essa música em Maceió, começando pelos violões de nylon. Depois, gravei a bateria já com a ideia de criar algo progressivo, em um sentido dinâmico, com momentos intensos e solos. Numa noite, finalizei todas as bases: baixo, bateria, guitarras, teclados e sintetizadores. Quando enviei a faixa para Bruno, ele sugeriu um poema e chamou Natália Grilo para escrever. O resultado foi esse poema incrível que batizou a música e abre o Lado B do disco.
7. “Som 24”: O nome vem do número do beat no teclado que Batata me emprestou e que usei em quase todo o disco. Sampleei esse beat e adicionei uma base de pads, sintetizadores, bass synth e violão de nylon gravado com vocoder em um aplicativo do celular. Depois, deixei tudo em loop e experimentei melodias no violão de aço, registrando um solo que ficou na versão final da música.
8. “Pizzicato”: Resgatei um beat antigo com um groove boom bap e comecei a criar em cima. Assim, gravei harmonias nos teclados e, como estava tocando muito contrabaixo acústico na época, decidi registrar na faixa. Gostei de um trecho que toquei na sessão, então recortei e repliquei ao longo da música. Depois, mostrei para Bruno e Batata, e experimentamos ouvir sem o beat. Gostamos tanto da versão mais minimalista que decidimos deixar assim, apenas com contrabaixo e teclado.
9. “Eu Te Amo”: Esta é uma composição de João Menezes, feita entre 2018 e 2019. Eu já adorava essa música e cantava em casa. Sabendo disso, Bruno e Batata me convidaram para cantar no disco. Então, começamos do zero no estúdio: João gravou violões de nylon, Batata o Fender Rhodes, Bruno o teclado e xilofone, e eu gravei baixo e voz. A produção foi feita por Victor Anjos, Batata Boy e Bruno Berle no Sound Department.
10. “Me Vestir de Você”: Última faixa a entrar no disco. Bruno me enviou um áudio cantando e queria ouvir minha voz na música. Então, pediu para eu cantar em cima da base, e quando fizemos isso, todos gostaram muito. Decidimos incluir no álbum. Bianca Godoy gravou a bateria, Bruno tocou baixo, guitarra, percussão e piano Rhodes, e Batata também entrou com Rhodes e guitarra. Johanna gravou as vozes no Sound Department, e finalizei com minha interpretação. A produção foi de Victor Anjos, Bruno Berle e Batata Boy, com composição de Paulo Novaes e João Menezes.
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