Um ano com D. Dinis (2)
Codex Manesse Faz hoje 762 anos que nasceu o infante D. Afonso, irmão de D. Dinis, mais novo cerca de ano e meio. D. Afonso parece nunca ter superado a sua condição de filho segundo, pois causou problemas ao rei durante toda a vida. Por três vezes se insubordinou, obrigando D. Dinis a usar da força, pondo cerco aos lugares onde ele se refugiava: Vide, Arronches e Portalegre. Por outro lado, é notável que o rei-poeta sempre lhe tenha perdoado e o tenha protegido, mesmo em circunstâncias absurdas. O infante D. Afonso casou com D. Violante Manuel, filha do infante D. Manuel de Castela, recebendo senhorios no reino de Múrcia. O matrimónio, porém, não foi reconhecido pela Igreja, devido ao parentesco: D. Manuel de Castela, sendo irmão do rei Afonso X, era tio-avô do infante português. D. Dinis, sempre protector, legitimou-lhe os filhos, na sua qualidade de rei, sem consultar a Igreja, provocando um protesto formal de D. Isabel, por sinal, no dia do 34º aniversário do infante. A 6 de Fevereiro de 1297, a Rainha Santa apresentou o protesto na alcáçova de Coimbra. Como motivos, alegou o irmão do rei ter-se insubordinado algumas vezes e o provável perigo que os sobrinhos pudessem significar para o reinado do filho D. Afonso IV. De qualquer maneira, é curiosa uma atitude deste tipo por parte de uma rainha caridosa, que sempre procurou consensos. D. Afonso teve um fim de vida muito amargo. O seu filho e herdeiro morreu com apenas dezassete anos, em 1302, e, apesar de ter ainda três filhas, o infante não conseguiu superar a morte daquele que era o orgulho da sua vida. Terá começado a comportar-se de maneira estranha, chegando mesmo a assassinar a esposa, caso que foi abafado por D. Dinis, apesar de o rei de Aragão, cunhado do monarca português e igualmente parente da falecida, o instar a esclarecer a questão. D. Dinis protegeu o irmão até ao fim. D. Afonso morreu a 2 de Novembro de 1312, com apenas quarenta e nove anos, sendo sepultado na igreja de São Domingos de Lisboa, no túmulo que o próprio mandara fazer.
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Faz hoje 762 anos que nasceu o infante D. Afonso, irmão de D. Dinis, mais novo cerca de ano e meio. D. Afonso parece nunca ter superado a sua condição de filho segundo, pois causou problemas ao rei durante toda a vida. Por três vezes se insubordinou, obrigando D. Dinis a usar da força, pondo cerco aos lugares onde ele se refugiava: Vide, Arronches e Portalegre. Por outro lado, é notável que o rei-poeta sempre lhe tenha perdoado e o tenha protegido, mesmo em circunstâncias absurdas.
O infante D. Afonso casou com D. Violante Manuel, filha do infante D. Manuel de Castela, recebendo senhorios no reino de Múrcia. O matrimónio, porém, não foi reconhecido pela Igreja, devido ao parentesco: D. Manuel de Castela, sendo irmão do rei Afonso X, era tio-avô do infante português.
D. Dinis, sempre protector, legitimou-lhe os filhos, na sua qualidade de rei, sem consultar a Igreja, provocando um protesto formal de D. Isabel, por sinal, no dia do 34º aniversário do infante. A 6 de Fevereiro de 1297, a Rainha Santa apresentou o protesto na alcáçova de Coimbra. Como motivos, alegou o irmão do rei ter-se insubordinado algumas vezes e o provável perigo que os sobrinhos pudessem significar para o reinado do filho D. Afonso IV. De qualquer maneira, é curiosa uma atitude deste tipo por parte de uma rainha caridosa, que sempre procurou consensos.
D. Afonso teve um fim de vida muito amargo. O seu filho e herdeiro morreu com apenas dezassete anos, em 1302, e, apesar de ter ainda três filhas, o infante não conseguiu superar a morte daquele que era o orgulho da sua vida. Terá começado a comportar-se de maneira estranha, chegando mesmo a assassinar a esposa, caso que foi abafado por D. Dinis, apesar de o rei de Aragão, cunhado do monarca português e igualmente parente da falecida, o instar a esclarecer a questão.
D. Dinis protegeu o irmão até ao fim. D. Afonso morreu a 2 de Novembro de 1312, com apenas quarenta e nove anos, sendo sepultado na igreja de São Domingos de Lisboa, no túmulo que o próprio mandara fazer.